Para Wilson Baptista, fotografia é 'uma máquina do tempo'.
Obra do artista já foi exposta em países como EUA, Alemanha e Espanha.
Em 1925, o então garoto Wilson se deparou com sua primeira câmera fotográfica. Um médico amigo da família o presenteou com uma Box Kodak. Antes, eram somente os retratos da infância. Daquela data em diante, foram 88 anos de “hobby e diversão”, como gosta de dizer o fotógrafo mineiro que em 2013 completa 100 anos. Atualmente Wilson Baptista fotografa as “insignificâncias” espalhadas pelo extenso quintal da casa onde mora, na Região Centro-Sul deBelo Horizonte. “Uma flor, uma lagartixa, um raio de luz, uma grade”, conta. Baptista diz que a “velhice cobra um preço e a mobilidade física já está um pouco reduzida”.
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Antes de se aventurar pelo seu quintal, o mineiro já havia exposto suas fotografias em galerias de diversos países, como Alemanha, Espanha, Estados Unidos, além de exposições no continente africano. O fotógrafo, que na infância frequentemente visitava os avós em Santa Luzia, na Grande BH, morou a vida inteira na capital, onde registrou inúmeros momentos históricos. A construção de edifícios, igrejas, o calçamento de avenidas, personagens do cotidiano belo-horizontino, além de seus filhos e amigos. Todos estiveram diante de suas câmeras.
Autodidata, Wilson Baptista conta que era um bom aluno de desenho no ginásio. Segundo ele, isso o influenciaria mais tarde. Mesmo tendo a visão parcial – desde a infância, Wilson Baptista enxerga somente com um dos olhos –, o menino se tornou fotógrafo aos 12 anos. Na juventude, formou-se em direito, mas nunca exerceu a profissão. O trabalho que o sustentou durante toda a vida foi o de oficial de registro civil.
“Fotografia pra mim é uma coisa paralela, uma diversão. Eu sou oficial do registro civil, bacharel frustrado, esgrimista, taquígrafo, atirador e gosto de desenhar”, brincou. Baptista revelou, ainda, que foi campeão mineiro de tiro olímpico diversas vezes na década de 1960.
De acordo com o artista, o que mais despertou seu interesse para a fotografia foram as formas dos objetos. “Eu queria ver como é que aquilo ficava num quadro. Me interessava mais a imagem do que propriamente o objeto. Em algumas fotografias o interesse era lembrar o objeto. Mas eu queria lembrar como eu estava vendo, não aquilo que todo mundo via”, refletiu.
Para o mineiro, o fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson e os americanos Edward Weston e Ansel Adams foram grandes influências. Hoje, Wilson Baptista destaca os trabalhos dos brasileiros Sebastião Salgado e Miguel Rio Branco.
Fotografia é uma máquina do tempo
“Fotografia pra mim era uma diversão, e hoje é uma máquina do tempo. Eu mergulho na fotografia pra buscar as recordações. Ver as recordações que eu tenho da minha vida inteira”, disse o mineiro, em entrevista ao G1.
“Fotografia pra mim era uma diversão, e hoje é uma máquina do tempo. Eu mergulho na fotografia pra buscar as recordações. Ver as recordações que eu tenho da minha vida inteira”, disse o mineiro, em entrevista ao G1.
Em um quarto onde ficam organizados os mais de 10 mil negativos do acervo de Baptista, ele indicou uma de suas fotos favoritas. Uma ampliação em preto e branco mostra uma nuvem que, recorda o fotógrafo, era rosa em um céu azul “profundo”. Baptista explicou que a fotografia foi feita no fim do período da ditadura do presidente Getúlio Vargas. “Esperança” foi o título dado à imagem. Para ele, aquela nuvem trazia bons momentos. O que depois pôde ser confirmado com o fim da Era Vargas, contou.
Tecnologia
No mesmo cômodo onde ficam os negativos, uma mesa dá lugar a dois grandes monitores e um scanner. Todos os aparelhos são de última geração. Com destreza, o fotógrafo de 99 anos manuseia o mouse e utiliza os atalhos do teclado. Segundo ele, grande parte de seu acervo já foi digitalizado.
No mesmo cômodo onde ficam os negativos, uma mesa dá lugar a dois grandes monitores e um scanner. Todos os aparelhos são de última geração. Com destreza, o fotógrafo de 99 anos manuseia o mouse e utiliza os atalhos do teclado. Segundo ele, grande parte de seu acervo já foi digitalizado.
Atualmente, Wilson Baptista pouco utiliza suas câmeras analógicas. A tecnologia digital ganhou espaço. “O filme hoje é impraticável. Primeiro por que o filme é caro, difícil de achar e pouco laboratório trabalha com preto e branco”.
Família
Baptista tem oito filhos, 16 netos e nove bisnetos. Dos filhos, somente um seguiu a carreira de fotógrafo profissional. Paulo Baptista é professor na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Todos os outros brincam um pouco com a fotografia”, disse. Além dos familiares, um pastor belga preto costuma dividir as tardes com Wilson Baptista.
Baptista tem oito filhos, 16 netos e nove bisnetos. Dos filhos, somente um seguiu a carreira de fotógrafo profissional. Paulo Baptista é professor na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Todos os outros brincam um pouco com a fotografia”, disse. Além dos familiares, um pastor belga preto costuma dividir as tardes com Wilson Baptista.
Aos 80 anos, o fotógrafo ficou viúvo da primeira mulher. Depois de 15 anos, aos 95, o artista se casou novamente. “Ela começou a fotografar depois que casou comigo. E hoje está me deixando pra trás”, disse sobre a atual esposa.
A três meses de completar um século de vida, Wilson Baptista se renova com as fotografias registradas em seu quintal. Com predominância das cores – característica pouco recorrente em sua obra – as novas imagens do fotógrafo mineiro se demonstram inventivas. A novidade não é só no campo das artes. O mineiro anunciou que mais uma bisneta está por vir.
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