Isadora Faber contou sua experiência na escola em Santa Catarina.
'Quero ser jornalista e ajudar as pessoas dando informação', afirmou.
A estudante Isadora Faber deu palestra em São
Paulo para falar sobre a página 'Diário de classe' que
criou no Facebook (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
A estudante catarinense Isadora Faber, de 13 anos, pode dizer que tem
centenas de milhares de amigos e admiradores pelo Brasil e no mundo, e é
neles, além dos pais, que ela se apoia quando diz estar triste. Quatro
meses após criar seu "Diário de Classe" no Facebook, ela começou, na
semana passada, a aceitar convites para palestras gratuitas em eventos
de educação e mídia. Na tarde desta segunda-feira (12), contou sua
história para cerca de 600 pessoas da área de publicidade no teatro Geo,
que fica no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.Paulo para falar sobre a página 'Diário de classe' que
criou no Facebook (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
Além de aplausos e congratulações, Isadora recebeu telefones de contato e pedidos de foto, que acata com um sorriso de boca fechada e frases monossilábicas. Sua mãe, Mel Faber, afirmou ao G1 que a participação em eventos é uma tentativa de fazer com que a garota estabeleça contatos e reúna aprendizado para "pensar em projetos, em alguma forma de fazer algo concreto com tudo isso". Ela também diz que está negociando a publicação de um livro sobre a experiência.
"Quero ser jornalista. Acho que posso ajudar as pessoas dando informação", disse.
A estudante Isadora Faber participou de um seminário em São Paulo (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
Mas, quando com o microfone na mão e instada a responder a longas e
complexas perguntas, Isadora é breve e contundente. Uma das críticas
abordadas na palestra foi de um professor desesperançoso, que deixou em
sua página um alerta para que ela não se animasse com mudanças
impossíveis. Quando todos esperavam finalmente por uma brecha de
fraqueza, uma admissão de que algumas dificuldades são realmente
intransponíveis, Isadora afirmou, sem levantar a voz: "Tenho pena dos
alunos desse professor que acredita que não dá para mudar."Problemas na escola
Dentro de sua escola, a Maria Tomázio Coelho, em Florianópolis (SC), porém, Isadora virou alvo de olhares enviesados de professores, ameaças de alunos e falta de apoio dos próprios amigos. Ela reconhece que a solidão faz parte da sua rotina. "Só na hora que os meus amigos saem de perto", justificou a garota de 13 anos, explicando que isso acontece quase que diariamente, quando ela é cercada por outros alunos que a criticam, ofendem e ameaçam. Segundo ela, isso é frequente. "Não vou mais sozinha para a escola. As meninas dizem que vão me bater, mas meu pai está sempre me esperando na saída, então nunca aconteceu", contou.
A animosidade é tamanha que o caso foi parar várias vezes na polícia. Até a tarde desta segunda-feira (12), sua página colecionava mais de 413 mil seguidores no Facebook e um punhado de boletins de ocorrência na delegacia.
O jeito de pensar de Isadora é simples e objetivo: se a porta de uma escola pública está sem maçaneta, é dever da gestão da escola comprar maçanetas. Essa visão é enfrentada pelos agentes escolares incomodados com a exposição da escola na internet.
Briga entre pais
Um dos episódios mais delicados envolve o pintor contratado pela escola, que também é pai de uma aluna. Isadora denunciou, em sua página, que o homem recebeu o pagamento, mas não prestou o serviço. A filha dele, então, passou a fazer ameaças frequentes, e os pais das duas trocaram agressões verbais.
"Ele faz um boletim contra o meu pai, meu pai vai e faz um boletim contra ele", afirmou Isadora, reconhecendo que, atualmente, não há nenhum esforço de mediação pacífica do problema. Ao 'Fantástico', o pintor disse que está com problemas de saúde e que a empresa do filho dele irá executar o serviço.
Isadora Faber posou para fotos com pessoas da
plateia (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
Da porta da escola para dentro, ela afirma que professores que antes
criticavam a escola hoje dizem que ela é muito boa. "Os professores não
gostam de mim, alguns entram em sala fazendo campanha contra mim. Isso
não é postura de professor." Alguns, segundo ela, chegaram a culpar a
página no Facebook por um problema de saúde que tirou a visão de uma das
professoras.plateia (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
Isadora diz que reserva o período das 19h às 21h para atualizar sua página e gerenciar um grupo fechado do Facebook em que ela conversa com autores de outros diários. O grupo, com "muitas pessoas, mas menos de 100", não é fechado a alunos, e conta inclusive com a participação de uma médica.
Isadora explica que, logo após o início de sua fama, melhorias pontuais foram feitas e lhe renderam apoio de muitos colegas e professores. Mas, com o passar dos meses, quem achava que já era o suficiente e era contra o afastamento de professores, como aconteceu, começou a mudar de ideia e defender o fim da página.
Palestra da estudante catarinense Isadora Faber em São Paulo (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
Apoio online A adolescente deu palestra vestindo calça jeans, tênis vermelho e com as unhas pintadas com esmalte claro. A menina virou sinônimo de luta pela educação pública de qualidade e inspiração de páginas semelhantes em outras escolas e até hospitais. Ela diz que, se não fosse o apoio que recebe nas redes sociais, sua empreitada para tentar melhorar a escola em que estuda provavelmente não estaria de pé até hoje.
"Às vezes, quando estou meio triste com algumas coisas, eu entro na página para ler o que as pessoas dizem", explica Isadora. Ela garante que as críticas da internet não a atingem, porque "a maioria é sem argumentos e para cada crítica tem dez comentários de apoio".fonte:G1 SP/camocim belo mar blog
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