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sábado, 16 de fevereiro de 2013

REELEIÇÃO NO EQUADOR PODE FAVORECER BRASIL E MERCOSUL'.



Presidente Rafael Correa (foto: Reuters)
Rafael Correa em campanha; sua reeleição neste domingo é dada como certa
A provável reeleição do presidente do Equador, Rafael Correa, nas eleições deste domingo, é vista pelo governo brasileiro como um passo importante para o fortalecimento do Mercosul, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
A permanência de Correa no poder também poderia abrir caminho para os negócios das grandes construtoras brasileiras no país andino.

Esse cenário fez o presidente equatoriano atingir quase 70% de popularidade.Com uma oposição desarticulada, Correa poderá garantir sua reeleição ainda no primeiro turno. A redução de 27% dos índices de pobreza desde 2006 e a ampliação do gasto público com programas sociais - na esteira da alta dos preços do petróleo - são os principais pilares de sustentação de seu governo.
Para o historiador Francisco Carlos Teixeira, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais de La Plata e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o processo de entrada do Equador no Mercosul amplia as perspectivas brasileiras de expansão comercial e geopolítica na América do Sul.
"O governo brasileiro tem grande interesse na vitória do Correa para manter o projeto de integração sul-americana", afirmou à BBC Brasil.
Para ele, o convite ao Equador para adesão ao bloco, cuja pauta de importações está orientada na compra bens industriais e serviços, é uma boa notícia para os empresários brasileiros.

'Ponto de equilíbrio'

A presença da Venezuela no bloco e a iminente entrada do Equador serviriam como "ponto de equilíbrio".
"Até então, Brasil e Argentina vêm dançando um tango entre tapas e beijos (em referência a acusações mútuas de protecionismo). Ter outros países com peso (no bloco) melhora a gestão e a administração do Mercosul", afirmou Teixeira.
A articulação brasileira para favorecer o ingresso do Equador no Mercosul também é vista por analistas como uma tentativa da diplomacia brasileira de barrar a influência da chamada Aliança do Pacífico - que une México, Colômbia, Peru e Chile -, tida como um potencial rival de influência americana à integração da América do Sul.
Segundo Teixeira, esses países têm em comum a afinidade com as políticas americanas, além do elo econômico selado por tratados bilaterais de livre comércio.
O analista político Marco Romero, diretor do centro de Estudos Internacionais da Universidade Andina Simón Bolívar, disse acreditar na possibilidade de uma nova "ofensiva" diplomática brasileira nos próximos anos.
Segundo ele, o Brasil quer contar com o Equador como aliado no Pacífico com o objetivo de manter uma correlação de forças favorável.
Mas o potencial ingresso do Equador no Mercosul é visto com desconfiança pelos empresários equatorianos e não é categorizado pelo setor como uma prioridade.
"Devemos orientar-nos primeiro para fortalecer nossos mercados tradicionais, como é o caso de Estados Unidos e Europa, e depois o Mercosul", afirmou Franklin Hidrobo Estrada, presidente da Câmara de Comércio Equatoriana Brasileira.
Para Estrada, o ingresso de Equador no Mercosul representa "interesses políticos, não comerciais". "O Mercosul está em terceiro lugar entre as prioridades de nossos sócios."

Negócios brasileiros

""Devemos orientar-nos primeiro para fortalecer nossos mercados tradicionais, como é o caso de Estados Unidos e Europa, e depois o Mercosul. (O bloco) está em terceiro lugar entre as prioridades de nossos sócios"
Franklin Hidrobo Estrada, presidente da Câmara de Comércio Equatoriana Brasileira
As grandes empresas de serviços, principalmente as empreiteiras, são as principais interessadas no fortalecimento da relação Brasília-Quito.
Uma das principais beneficiadas seria a construtora Odebrecht, que participará do consórcio de construção da primeira parte da Refinaria do Pacífico - um dos projetos mais ambiciosos da administração Correa, estimado em US$ 13 bilhões (R$ 25 bilhões). O Banco de Desenvolvimento Industrial de China e a Chinese National Petroleum Company (CNPC) devem financiar a obra.
A volta da Odebrecht ao país ocorre quase cinco anos depois da empresa ter sido expulsa do Equador, em 2008, devido a falhas na construção da hidrelétrica San Francisco.
Ao questionar a qualidade do serviço prestado pela empreiteira, Rafael Correa chegou a qualificar como irregular o crédito de US$ 243 milhões destinado pelo BNDES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social brasileiro) para a construção da hidrelétrica e ameaçou romper o contrato de pagamento.
O impasse foi solucionado pela Câmara de Comércio Internacional, a corte arbitral internacional em Paris, que deu parecer favorável ao BNDES.
Outra construção que envolve a Odebrecht no Equador é o projeto hidrelétrico Manduriacu, com custo estimando em US$ 124,8 milhões, dos quais US$ 90 milhões serão financiados pelo BNDES.
Apesar do mal-estar diplomático entre Brasília e Quito gerado pela crise com a Odebrecht, o historiador Francisco Carlos Teixeira crê que não houve um distanciamento bilateral. Ele justifica citando a compra de aviões super-tucano da Embraer para renovação da frota da estatal TAME e da Força Aérea Equatoriana logo depois do impasse. O avião presidencial utilizado por Correa é da Embraer.
Outro elemento seria a decisão da presidente Dilma Rousseff de impulsionar a entrada do país ao Mercosul. "O Equador nunca esteve tão próximo da política de integração do Brasil", afirmou Teixeira.
O presidente da Câmara de Comércio Equatoriana Brasileira discorda. Hidrobo Estrada acredita que os negócios entre os países foram afetados pela crise com a Odebrecht. "Agora entramos numa fase de moderação da relação e esperamos que continue assim no próximo mandato."
Outro foco de interesse de investimento brasileiro no Equador seria a venda de máquinas e tecnologia para extração do petróleo.
Embora o Equador seja um importante produtor de petróleo, sua produção está abaixo da quota estabelecida pela OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), devido à defasagem da tecnologia utilizada nos tradicionais campos petrolíferos e à baixa produtividade nos novos campos.fonte:de caracas para bbc brasil

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