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sábado, 29 de junho de 2013

CAMOCINENSE EXPERIMENTA A "PEDRA MALDITA" E HOJE MORA MAS RUAS DE FORTALEZA-CE.


Mais do que construir casas, o eletricista e pedreiro Francisco Antônio Rodrigues Mendes, 30, queria concretizar o sonho de uma boa família, quando há oito anos trocou Camocim (litoral oeste do Estado) por Fortaleza. Recém-casado com uma adolescente de 16 anos, Francisco Rodrigues acreditou estar no caminho certo, até encontrar uma pedra no caminho: o crack.
“Eu estava só há um ano em Fortaleza, quando um amigo me apresentou essa pedra maldita. A gente quer preservar uma amizade, quer mostrar que não é ‘bonzão’, e acaba perdendo tudo. Não existe amizade, quando a pedra está no caminho”, comentou para o Blog o então sonhador, que atualmente vive o pesadelo de morar nas ruas de Fortaleza.
Além de perder a esposa e os quatro filhos, dois dos quais gerados pelo pai usuário de crack, Rodrigues também perdeu a própria identidade. “Hoje, eu não sou ninguém. Não tenho casa, não tenho família, não tenho nada. Sequer mais um nome eu tenho, pois perdi todos os meus documentos e não tenho como provar quem sou”, afirmou o pedreiro, que há quatro anos não vê os filhos. “Meu mundo agora é esse, catar lixo todos os dias e esperar que alguma coisa aconteça amanhã”, lamentou.


Rodrigues assegura que já encontrou dezenas de outros usuários de crack na condição de moradores de rua e que nunca viu alguém que já tenha se dado bem com a droga. “Mesmo tendo entrado nesse mundo por meio de um amigo, nunca influenciei ninguém a usar o crack. Pelo contrário, sempre alerto para todos os riscos”, assegurou.
O pedreiro disse que já se envolveu em várias “encrencas”, mas nenhuma como um confronto com traficante. “Lá no Conjunto Ceará, um traficante me contratou para construir a casa dele. O pagamento foi feito todo na pedra (crack). Ao final, ele disse que eu ainda estaria devendo a ele. Como eu não tinha o dinheiro que ele queria, mandou me dar uma surra e me expulsou da área”, contou.
O usuário garante, ainda, que todos os dias luta contra o vício. “Só uma vez, eu consegui passar oito meses sem usar o crack. Mas a dor da abstinência é grande. Dói a cabeça, dói o corpo, doem até os dentes”, comentou.
Apesar de se reconhecer como um doente, Rodrigues afirma que a maior doença é a social. “Não sou um cara burro, sei construir casas e consigo instalar qualquer fiação (elétrica). Entrei para o crack porque não tinha experiência e temia desapontar pessoas em uma terra estranha. Muita gente critica, mas ninguém aponta uma saída. As críticas não me machucam, pois já perdi muita coisa. A falta de ajuda é que dói. É o que me revolta”.

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