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domingo, 21 de dezembro de 2014

CAMPEÃO DA OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA É APROVADO EM PRINCETON.


Murilo Zanarella, de 17 anos, levou a medalha de 'ouro especial' na OBM.
Jovem foi para a 2ª fase da USP e Unicamp, mas mira faculdade no exterior.

Do G1, em São Paulo
Murilo Zanarella levou medalhas em 50 olimpíadas nacionais e internacionais na área de exatas (Foto: Arquivo pessoal)Murilo Zanarella levou medalhas em 50 olimpíadas nacionais e internacionais na área de exatas (Foto: Arquivo pessoal)
Desconcertado, Murilo Corato Zanarella, de 17 anos, solta uma risada tímida quando perguntado se é um viciado em olimpíadas de exatas. O jovem, que nasceu em Campinas e mora em São Paulo, já participou de 50 edições de diferentes provas de exatas, nacionais e internacionais, conquistando mais de 30 medalhas em olimpíadas do conhecimento, e acaba de ser aceito na Universidade de Princeton, em Nova Jérsei (EUA), após ter um desempenho notável em uma das provas.

A aprovação em Princeton veio logo após Murilo ganhar a medalha de ouro especial na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e obter a prata na Olimpíada Internacional. O título brasileiro foi conquistado após um ótimo desempenho na prova, já que a diferença de pontos entre ele e o segundo melhor colocado na categoria ensino médio foi maior do que a média das provas – 379 pontos contra 302. O resultado da OBM foi divulgado nesta quarta-feira (17).
Apesar de tantas conquistas, Murilo garante que não liga muito para a competição, e que as olimpíadas valem muito mais pela paixão à matemática. “A competição deixou de ser importante para mim, agora é pela matemática. Antes eu participava pelo desafio e, com o tempo, fui mudando e vi que o mais importante é estudar a matemática, a competição é um extra”, afirmou o jovem aoG1.
A matemática da escola é uma coisa mecânica, de copiar o que o professor passa. Na olimpíada é mais criativa, mais próxima da matemática de pesquisa"
Murilo Corato Zanarella, estudante
Zanarella também foi aprovado para a segunda fase dos vestibulares da USP e Unicamp em ciência da computação, e disse que pretende fazer a segunda fase mesmo com a aprovação em Princeton. Porém, se passar, dará preferência à matrícula no exterior, além de tentar outras instituições norte-americanas, como Harvard, MIT, Yale e Stanford, para realizar seus estudos voltados à matemática.
Amante dos números desde o início do ensino fundamental, o estudante contou que sempre teve facilidade com matérias de exatas, e que prefere muito mais os problemas das olimpíadas aos exercícios normalmente feitos em sala de aula. “A matemática da escola é uma coisa mecânica, de copiar o que o professor passa. Na olimpíada é mais criativa, mais próxima da matemática de pesquisa”, comparou o rapaz, que já participou de olimpíadas de física, astronomia, robótica e até de linguística.
Para facilitar a vida do repórter e não perder a conta mediante tantos títulos conquistados, ele organizou todos os títulos em um arquivo de texto, detalhando os anos em que participou e as medalhas obtidas.
Maratona para o cérebro
Para quem não conhece como funcionam as olimpíadas de exatas, a coisa vai muito além de contas e fórmulas, e algumas fases tem quase a duração de um vestibular. Porém, a regra de não poder utilizar uma calculadora continua valendo.
Na OBM, por exemplo, há três fases: a primeira, apenas de múltipla escolha, a segunda fase com questões de respostas diretas, na qual o candidato precisa colocar apenas o resultado e uma parte discursiva, na qual é necessário descrever também o raciocínio e, por fim, a terceira fase na qual os competidores têm 4 horas e meia para resolver três problemas bem complicados.
De acordo com o medalhista, não é preciso apenas saber a fórmula ou a conta corretas, mas sim organizar uma série de métodos e ideias antes mesmo de começar a resolver a questão. “Você precisa investigar o que está acontecendo e encontrar alguma coisa para começar a trabalhar com o raciocínio”, explicou Murilo.
Murilo, ao lado dos irmãos Henrique e Matheus, também medalhistas (Foto: Arquivo pessoal)Murilo, ao lado dos irmãos Henrique e Matheus,
também medalhistas (Foto: Arquivo pessoal)
Família medalhista
Murilo é o filho do meio da família, e tem dois irmãos, de 15 e 20 anos, que também disputam olimpíadas na área de exatas. A tradição, segundo ele, começou com o filho mais velho, Matheus, que hoje faz engenharia elétrica na Unicamp.
Já o caçula, Henrique, foi medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Física e está participando do processo seletivo que definirá as equipes que representarão o Brasil nas Olimpíadas Internacionais de Física (IPhO e Iberoamericana).
Para que tantos prêmios fossem alcançados, a rotina de estudos é parte crucial do dia a dia de Murilo, que dedicou metade do ano para estudar para as olimpíadas e a preparação para tentar faculdades no exterior. Após vencer a prova internacional, o jovem se dedicou aos vestibulares e exames obrigatórios para o ingresso em instituições estrangeiras, como o SAT, uma espécie de “Enem norte-americano” e o Toefl, que avalia a proficiência de inglês do candidato.
Apesar de toda essa carga preparação, o medalhista destaca que o mais importante é estudar enquanto houver motivação, e não abrir mão de momentos para descansar e curtir um pouco. “Tem que ter um momento para relaxar, não adianta ficar estudando o dia inteiro. Os momentos que eu quero estudar são quando eu quero estudar mesmo, não adianta ter uma rotina fixa. Você rende mais quando não é uma obrigação. Quantas horas eu estudo? Depende muito do dia, depende de quanto eu estou animado”, exemplificou.
A matemática da escola tem um efeito bola de neve gigante. Se você tem dificuldade em um conceito simples, vai ser mais difícil entender algo mais complicado"
Murilo Corato Zanarella, estudante
Chegando ao pódio
“Só adianta você fazer a olimpíada se você realente gosta de matemática. A gente tem muito material na internet. Na minha época, não era tanto assim”, aconselhou Murilo, destacando que é preciso mesclar paixão e motivação para alcançar as medalhas nas olimpíadas. Uma dica é procurar materiais por conta própria, como vídeos no YouTube voltados para essas provas, e tentar contato com professores e outros medalhistas.
Já para quem não tem a intenção de se tornar um “atleta dos números” e quer se garantir na escola, o jovem destacou que é preciso paciência e perseverança ao aprender, e uma boa dica é não deixar de aprender conceitos mais básicos antes de tentar recuperar o ritmo do andamento das aulas.
“A principal dica é não deixar de lado. A matemática da escola tem um efeito bola de neve gigante. Se você tem dificuldade em um conceito simples, vai ser mais difícil entender algo mais complicado. Vale a pena correr atrás de resolver um problema simples, antes de correr atrás de algo mais complicado”, concluiu o rapaz.
Após 34 medalhas em olimpíadas de matemática, Murilo foi aceito na Universidade de Princeton, nos EUA, e pretende estudar matemática no exterior (Foto: Arquivo pessoal)Após 34 medalhas em olimpíadas de matemática, Murilo foi aceito na Universidade de Princeton, nos EUA, e pretende estudar matemática no exterior (Foto: Arquivo pessoal).https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2556864432713944326#editor/src=header

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