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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

TRATANDO DOENÇAS COM MICRÓBIOS.

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Medicina pode estar prestes a passar por uma nova revolução (Reprodução/Internet)
medicina

Remédios bacterianos estão começando a aparecer



Uma das transições cruciais da ciência médica moderna foi a mudança da medicina à base de plantas para a medicina química. Há milênios os médicos sabem que a casca de salgueiro e a seiva da papoula aliviam a dor. Mas a ciência farmacêutica propriamente dita só começou quando Felix Hoffman sintetizou versões dos ingredientes ativos dessa plantas, isto é, ácido acetilsalicílico e diamorfina (ou aspirina e heroína).
É possível que algo parecido esteja acontecendo agora. Os últimos anos mostraram que ter boas relações com as 100 trilhões de bactérias que habitam nossas entranhas é essencial para a saúde humana. Se as relações saem de compasso, bactérias hostis podem invadir o corpo e outras que costumavam ser amigáveis podem se tornar hostis. No entanto, quando as coisas dão realmente errado, doses de bactérias corretivas podem fazer a diferença. Estas podem ser administradas oralmente, através de alimentos tal como iogurte, ou analmente, através de transplantes de fezes de pessoas saudáveis. No entanto, alguns médicos consideram essas abordagens equivalentes a chás de casca de salgueiro e extratos de ópio. Eles gostariam de submeter a ideia a um método mais preciso, e dois grupos acabam de publicar estudos que são passos nesse processo de investigação científica.
Trevor Lawley e seus colegas do Instituto Wellcome Trust Sanger, próximo a Cambridge, esperam substituir os transplantes fecais como uma maneira de lidar com um verme chamado Clostridium difficile. Esta é uma dificuldade particular dos pacientes hospitalares que são tratados com antibióticos que, como efeito colateral, matam micróbios do sistema digestivo e deixam o campo livre para o C. difficile. Transplantes fecais são eficientes, mas dr. Lawley queria entender porque eles funcionam e investigar se uma versão mais personalizada do tratamento seria possível.
Ele descobriu que (ao menos em ratos) tal hipótese é possível. Ele coletou bactérias fecais de ratos saudáveis e experimentou diversas combinações destas em animais infectados com a C. difficile. De acordo com sua publicação no periódico Public Library of Science, uma combinação de seis espécies (três anteriormente desconhecidas da ciência) funcionou quase perfeitamente – e tão bem como o transplante de fezes homogeneizadas.
No entanto, o tratamento do dr. Lawley ainda usa bactérias naturais. Nathalie Vergnolle do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França quer ir um passo adiante. A sua proposta para terapia para a doença inflamatória intestinal, a qual ela e sua equipe descrevem no periódico Science Translational Medicine, usa vermes que foram geneticamente manipulados.
Ainda está para ser confirmado se qualquer uma das duas técnicas funcionará em seres humanos. Caso de fato funcionem, essas terapias podem abrir  o caminho para o tratamento bacteriano de outras condições ligadas a bactérias do sistema digestivo. Tais condições incluem obesidade, diabetes e, possivelmente, autismo. É possível que uma nova era de remédios bacterianos esteja prestes a despontar.

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