A constipação pode ocorrer em todas as fases da vida. Em crianças, as causas geralmente são funcionais, assim como nos adultos. Já nos lactentes, podem ocorrer por anormalidades intestinais ou nas estruturas anorretais e colonicais, neurológicas, endócrinas e metabólicas.
Leite materno exclusivo até os seis meses e dieta complementar com fibras previnem a prisão de ventre. Criar o hábito para que a criança a aprenda a defecar, sem medo, no vaso sanitário é uma conduta preventiva e eficaz foto: agência diário
"Um recém-nascido ou lactente jovem, em aleitamento materno exclusivo, pode ter várias evacuações no dia, como passar até sete dias sem evacuar. Se não há sofrimento e as fezes são amolecidas, os dois padrões evacuatórios são normais", explica a gastropediatra Ana Magda Moraes.
Crianças maiores ou lactentes, em aleitamento materno não-exclusivo, têm frequência normal de cerca de três evacuações semanais, sem dor ou dificuldade para defecar, ausência de fezes de grande diâmetro (que possam entupir o vaso sanitário), e sem o ato de retenção para evitar a defecação.
De 90% a 95% dos casos de constipação crônica ocorrem por causas funcionais devido a uma série de fatores. Apesar de dados epidemiológicos não confirmarem a influência dos fatores genéticos, elementos hereditários e constitucionais são relatados em estudos.
"O desmame precoce e a introdução de fórmula láctea pode contribuir para o início da constipação. Assim como a dieta complementar (no sexto mês) com baixo teor de fibras, pobre em frutas, legumes, folhas, leguminosas e cereais integrais, além do baixo consumo de líquidos, podem gerar a constipação", informa.
Dra. Ana Magda Moraes também destaca como ocasionadores os episódios de evacuações dolorosas, que podem levar a criança a apresentar retenção fecal por medo de evacuar e desencadear um ciclo vicioso de reprodução da constipação.
"Esse comportamento é manifestado por meio do escape fecal, quando a criança tem perda de fezes nas vestes, gerando desgaste familiar, discriminação social e sofrimento emocional", afirma. Essas crianças costumam demonstrar maior intolerância à frustração, à agressividade e à ambiente familiar hostil.
E, por último, Ana Magda Moraes enfatiza os distúrbios de motilidade (movimento) intestinal, mas esclarece que não se pode afirmar se são causas decorrentes da constipação ou se refletem o maior tempo de trânsito das fezes nos indivíduos constipados.
Medidas preventivas
A melhor forma de prevenir é adotar hábitos saudáveis. "Recomenda-se o aleitamento materno exclusivo durante seis meses. Passado esse período, o aleitamento deve continuar até os dois anos, mas com uma dieta rica em fibras, com frutas, legumes, leguminosas e cereais integrais", orienta. No caso das crianças maiores, a médica destaca ser importante promover mudanças nos hábitos tanto da criança como de toda a família.
Condutas do cotidiano
O tratamento é individualizado, pois leva em conta a idade, o tipo de dieta e a gravidade da constipação. A gastropediatra afirma que, geralmente, apenas as mudanças nos hábitos, o estímulo à atividade física, a ingestão suficiente de água e o recondicionamento do trato intestinal normal são suficientes para tratar uma constipação do tipo leve.
Reflexo gastrocólico
"Para tanto, as crianças são orientadas a permanecer sentadas no vaso sanitário durante, no mínimo, cinco minutos após as principais refeições. O objetivo é aproveitar o reflexo gastrocólico no desencadeamento da evacuação", indica.
No entanto, há casos de constipação em que é preciso realizar a desimpactação, esvaziar o fecaloma (fezes endurecidas) do colón e do reto por meio de enema (tubo com laxantes para aplicação retal), supositórios ou laxativos em altas dosagens por via oral. Após o procedimento, é feita a manutenção com laxativos (via oral), e dieta rica em fibra alimentar, além do aumento no consumo de líquidos.
Uso de supositório
Indicado em casos mais graves e para crianças maiores, o supositório é utilizado para esvaziar o colón e o reto nos casos de ausência de evacuação há mais de três dias. "Devemos ter cautela quando a criança está em aleitamento materno exclusivo, visto que elas podem passar até dez dias sem evacuar. Não é necessária nenhuma medida terapêutica, por se tratar de um evento fisiológico", enfatiza. fonte:DN/camocim belo mar blog
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