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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

CEARÁ PRODUZ ALGODÃO ORGÂNICO PARA MARCA FRANCESA.

Ceará produz algodão orgânico para marca francesa

Para os agricultores, o diferencial do cultivo sustentável é o valor agregado ao produto que cresce 50% em relação ao da agricultura comercial

Segundo a engenheira agrônoma do Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar), Maria Valderina, que também é responsável pela certificação orgânica do algodão, os empresários franceses François-Ghislain Morillion e Sébastien Kopp procuraram a Esplar em 2004 com a ideia de fazer um produto diferente, com toda a cadeia ecológica. Eles foram levados para conhecer a produção no município de Tauá, compraram a primeira parte estocada e, a partir de então, a parceira se consolidou. Além da Adec, as Associações de Certificação Participativa Agroecológica, Asepa em Quixeramobim, e Asepi em Nova Russas, na região dos Inhamús, também produzem material orgânico para a produção do tênis. “Nos últimos dois anos, os estados de Paraíba e Piauí também participaram da produção de algodão, mas a seca inviabilizou o plantio.”
Exportado para o mercado europeu desde 2005, o produto só começou a ser comercializado no Brasil no último mês de setembro e tem uma linha com o nome Esplar em homenagem à organização não governamental cearense. A produção dos calçados é feita toda no Brasil: o algodão que vira a lona do calçado é do Ceará, a borracha da reserva Chico Mendes no estado do Acre e o couro, utilizado em alguns produtos, do Rio Grande do Sul. A fábrica que junta todos os produtos ecológicos é localizada em Novo Hamburgo, também no Rio Grande do Sul.
Para o presidente da Adec, Manoel Siqueira, conhecido como Lino, o objetivo do consórcio não é apenas uma produção no sentido econômico, mas de preservar o meio ambiente e valorizar a família. “É importante porque não é simplesmente econômico, levamos em consideração a soberania do homem e da mulher como cidadãos, além da preservação do solo e da água” explica. Tendo como base o agricultor, a associação fornece a semente de graça para que as famílias tratem e dão assistência técnica para que seja feita a conservação do cultivo solo.

A parceria entre a Esplar e a Adec existe desde 1994 e técnicos agrícolas acompanham o cultivo do algodão ecológico. “Até três anos atrás os técnicos faziam acompanhamentos periódicos, hoje o técnico agrícola, Rogaciano Oliveira, fica na região” explica Valderina.
O diferencial para os agricultores de cultivo sustentável é o valor agregado ao produto que cresce 50% em relação ao da agricultura comercial. “Enquanto a comercial vende um quilo por R$15, nós vendemos por R$27 a R$30, 50% acima. Nós vendemos bem e faturamos bem.” Porém a produção do algodão enfrenta uma grande vilã dosagricultores do nordeste brasileiro: a seca. “A melhor safra foi em 2008, 26 toneladas de pluma. Agora pouca gente plantou e dos que plantaram poucos continuaram. A região vai produzir três mil quilos em rama, o que dá 1200 quilos de pluma. Se não fosse produzia 30 a 40 toneladas” afirma o agricultor.
Atualmente na décima safra, a Adec produz também para a Justa Trama, cooperativa gaúcha que utiliza a pluma de algodão na fabricação de roupas e é composta por associações de diversas partes do País. “60% da produção é destinada para a Vert e os outros 40% para a Justa Trama” explica Manoel.
Mesmo com os problemas climáticos e de capital de giro que atrapalham tanto os agricultores como os comprados, para Maria Valderina “O benefício pro agricultor é a segurança, já que o contrato é de três anos, e em janeiro quando ele planta já tem garantia de que vai vender, que seu produto vai ser comercializado.”
Anualmente ocorre uma inspeção do Instituto Biodinâmico (IBD) nos locais produtores de algodão para verificar se o cultivo está sendo feito sem o uso de produtos químicos. A próxima visita será entre os dias 11 a 14 novembro.

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