Como esquecer a greve da Polícia Militar do Ceará que ocorreu entre o fim de 2011 e o início do ano de 2012? O clima de pânico invadiu Fortaleza. Na época, os PMs reivindicaram melhores condições de trabalho, horas extras e promoções. Hoje, dois anos depois, as demandas dos policias militares foram atendidas? As greves que ocorreram em Salvador e Natal nos últimos dias relembraram o clima de tensão que Fortaleza viveu. Na capital baiana, a paralisação da PM teve início na noite da terça-feira (15) e durou até a tarde da quinta-feira (17). Os motivos foram os impasses nas negociações com o governo. Os policiais reivindicavam aumento em gratificações, garantias de progressões de carreira e sanções mais brandas no novo código de ética da corporação. A paralisação causou transtornos na capital baiana. Na quarta-feira, houve saques, fechamento de comércio, suspensão de aulas e falta de ônibus nas ruas. E o número de homicídios triplicou, chegando a 17 por dia. Já em Natal os PMs e bombeiros iniciaram na manhã da terça-feira (22) uma paralisação que durou cerca de dez horas. Eles pediam por pagamento das férias, inclusão da alimentação no salário, assistência à saúde, Lei de Promoções de Praças, entre outros pontos.
Pedro Queiroz, presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece), avisa que as lideranças do Ceará estão analisando a possibilidade de se reunir para avaliar os maus-tratos do Governo atual sob a categoria e, a partir disso, decidir se vai haver ou não uma greve. “Não descartamos totalmente e nem dizemos que vai haver, estamos avaliando. Estamos monitorando o que acontece para ver a possibilidade”, pontuou. Segundo ele, nada foi feito sobre as demandas reivindicadas na greve de 2011. Ele explica que na época foi falado sobre a possibilidade das promoções, da fixação de 40 horas semanais, das horas extras, mas nada foi estabelecido. “Em maio de 2013,
Cid Gomes encerrou as negociações. A categoria se reuniu e quem estava nessa reunião foi punido pelo governador, inclusive 11 policiais foram expulsos”, relembra. Pedro aponta ainda que os ladrões de banco se aproveitam do cansaço dos policiais que trabalham três dias seguidos. “Depois de três dias o policial já perdeu os reflexos, está cansado.” O presidente é taxativo ao afirmar que a insegurança na cidade é resultado da política desastrosa do governo. Ele diz que em 2008, quando teve início o Ronda do Quarteirão, o movimento advertiu Cid Gomes sobre a metodologia que ia usar. “Uma pessoa se desgasta trabalhando sete dias para folgar um. Os homens se desagastaram, ficaram doentes e alguns se suicidaram. Tem policial de 23 anos aposentado por incapacidade psiquiátrica. O acumulo de problemas fez a categoria perder a autoestima, diante dos maus-tratos, deixando de combater o crime.”
A assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que algumas demandas já foram atendidas. Como a redução da jornada semanal, são 40 horas para profissionais do Ronda do Quarteirão e 42 horas para os demais profissionais. Bem como o auxílio-alimentação de R$ 10 por dia trabalhado e a gratificação (Concessão de Gratificação de Mérito Militar), já incorporada aos salários a partir de janeiro de 2012. Outras demandas estão em estudos, são elas: horas extras e promoção compensatória.
Nenhum comentário:
Postar um comentário