fALTA DE PERÍCIA MÉDICA
A manifestação foi para chamar atenção contra a precariedade no atendimento médico na Previdência Social
Russas. Cerca de 250 representantes de Sindicatos de Trabalhadores Rurais e agricultores de 15 cidades do Vale do Jaguaribe ocuparam na manhã de ontem a agência do INSS neste município, responsável por atender a região. Eles protestaram contra a falta de médicos para o trabalho de perícia, o que provoca uma demora média de seis meses para atendimento. Também apontam a falta de médicos peritos em três novas agências da região e o bloqueio do sistema de agendamento de perícia, que está inativo há 45 dias.
Joana Darc Oliveira Liberato, 19 anos, moradora da comunidade de Jenipapeiro, zona rural de Tabuleiro do Norte, está lutando para a realização da perícia médica para seu pai, que se acidentou no dia 13 de outubro de 2013, na data em que completou 50 anos. Segundo relatou, ele foi atropelado por um carro enquanto atravessava a rodovia para tanger o gado. "Ele passou um mês e 15 dias em Fortaleza. Quinze dias foram em coma, ai ele acordou e passou um mês lá", contou.
Para acelerar o processo em busca de um benefício (auxílio doença), Joana conta que dias após o acidente, marcou a perícia para o pai, já que a renda da família de oito pessoas dependia unicamente do trabalho dele, da venda de verdura.
A data agendada no sistema da Previdência foi para o dia 5 de fevereiro deste ano, aproximadamente quatro meses após o acidente. Porém, segundo a jovem, no dia 4 de fevereiro ela recebeu uma ligação da regional, informando que não haveria médico para a data marcada, nem no escritório de Tabuleiro do Norte, nem no de Russas. A perícia foi então remarcada para o próximo dia 16 de agosto.
"Ele está lá acamado e estamos vivendo de alguma coisa que alguém dá, ou fazendo bico porque até pra arranjar emprego esta difícil", lamenta. Esse é apenas um das centenas de casos porque passam principalmente os trabalhadores rurais na hora de realizar perícia médica exigida para obter um benefício.
O problema é decorrente do baixo número de profissionais para atender a todos os municípios da região, que já vem acontecendo durante alguns anos. Para representantes dos STRs, a situação chegou ao extremo após o fechamento do sistema de agendamento de perícias, que está sem marcar consultas há cerca de 45 dias, segundo afirmou o coordenador regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), Bandeira Maia.
Na atual estrutura, segundo relatou o chefe da agência da Regional da Previdência Social de Russas, Ronaldo da Silva Santos, a unidade atende a 15 municípios do Vale do Jaguaribe. Destes, três inauguraram agências recentemente, mas não possuem médicos lotados para realização de perícias médicas.
Ele revelou que há na regional de Russas dois mil processos aguardando perícia médica, tanto de primeiras consultas quanto reagendamentos. Santos disse também que, dos quatro médicos lotados em Russas, todos estão afastados desde fevereiro deste ano.
"Duas foram transferidas por problemas médicos, para Fortaleza ou Região Metropolitana, uma esta de férias e o outro médico está de licença durante dois anos", contou. Ele ainda informou que, desde fevereiro, a perícia vem acontecendo por meio de suporte dado pela Gerência Executiva, em Fortaleza, que envia seis médicos, em dias alternados, para tentar diminuir o número de processos que aguardam perícia. Segundo Santos, vem sendo feito, em média, 400 avaliações por mês.
Sobre o fechamento do sistema de agendamento em Russas, Santos explicou que foi uma estratégia criada pela Gerência Executiva de Fortaleza, diante da falta de médicos lotados na região. "Eles decidiram fechar a agenda porque se não esses agendamentos já iam chegar até o final do ano, sem a presença de médico. Eles fecharam para que, com esse suporte, diminuísse essa demanda, com previsão de abrir logo depois que tivesse uma redução de pedidos".
"Porém esse reforço não resolve o problema, já que estão sendo barrados novos agendamentos", ressaltou o secretário do Sindicato dos Trabalhadores de Tabuleiro do Norte, Lucieudo Sena. Segundo ele, esse barramento deixa o assegurado desassistido e ele acaba recorrendo para outras cidades como Mossoró, Pacajus e até Fortaleza, também correndo o risco da perícia não ser realizada no dia marcado, como acontece na agência de Russas.
Sena informou que os manifestantes permanecerão na agência até a presença do chefe da Gerencia Executiva da Previdência Social de Fortaleza, que é responsável pela Agência Regional de Russas. Eles afirmam que só desocuparão a sede após definições. Até o fechamento desta edição, os manifestantes ainda se encontravam na agência.
Ellen Freitas
Colaboradora
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Federação dosTrabalhadores na
Agricultura do Estado do Ceará
(Fetraece) - Regional do Valedo
Jaguaribe - Rua Daltro Holanda, 2261,
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