Projeto teve que desviar de rãs em extinção e de sítios arqueológicos.
Rodovia vai retirar 35 mil veículos diários da Av. Brasil e Via Dutra.
Os pouco mais de 70 quilômetros do trecho do Arco Metropolitano que a presidente Dilma Rousseff inaugura nesta terça-feira (1º) no Rio de Janeiro deverão dar um salto na produtividade das indústrias do estado, com reflexos nos estados vizinhos e na economia do país. É o que calcula a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que há anos pleiteia a construção da via alternativa para o escoamento do tráfego pesado da região metropolitana, desafogando as esgotadas Avenida Brasil, Rodovia Presidente Dutra e a BR-040, a Rodovia Washington Luis.
O trecho a ser inaugurado nesta terça liga Itaguaí, na Região Metropolitana, a Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde se conecta à BR-116 (Rio-Petrópolis), trecho duplicado sob concessão da CRT, até Magé, e de lá à BR-493 até Manilha, em trecho que está sendo duplicado. Está formado o Arco Metropolitano, 145 quilômetros de estrada no entorno da Região Metropolitana do Rio ligando as cidades de Itaboraí, Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Queimados, Seropédica e Itaguaí.
Com o arco, cerca de 35 mil veículos deixarão de passar pela Avenida Brasil, Via Dutra e Washington Luis por dia, desses, 10 mil caminhões de carga, afirma a Firjan em estudo. Para Riley Rodrigues de Oliveira, especialista em Competitividade Industrial e Investimentos da Firjan, a redução no fluxo diário de veículos por aquelas vias é de mais de 19%, tendo como consequência a melhoria das condições de vida das populações afetadas.
“É um grande ganho para a mobilidade urbana vai ganhar. A Baixada Fluminense ganhará com a redução do congestionamento”, disse.
Se a comunidade ganha, a economia lucra mais ainda. O arco liga polos industriais importantes como o Porto de Itaguaí, a Refinaria Duque de Caxias, e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, em Itaboraí.
“Os empresários esperavam muito isso. O frete fica mais barato, é ganho para o produtor e o consumidor”, afirma o especialista.
Segundo Riley, a estimativa é que a obra reduza em até 20% os custos de transportes de mercadorias entre o Porto de Itaguaí e seis estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal.
Riley calcula que o impacto no PIB do Estado do Rio será de R$ 1,8 bilhão.
“A receita anual com arrecadação de impostos de uma forma geral, no Estado do Rio, poderá ser mais de R$ 343 milhões. Só de ICMS, serão R$ 140 milhões”, diz o especialista.
Ele estima ainda que mais 10.673 empregos diretos serão gerados no estado com a instalação de empresas e indústrias no caminho do arco.
Riley Rodrigues de Oliveira ressalta que, com o Arco Metropolitano, a produtividade do Porto de Itaguaí vai aumentar.
“É um porto de altíssima capacidade pela facilidade logística, mas tem uma rodovia de traçado antigo com um grande trecho não duplicado. Com o Arco pronto, Itaguaí vai ter o melhor acesso rodoviário do Brasil, principalmente para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e para o Norte e Nordeste fluminense”, explica Riley.
“É um porto de altíssima capacidade pela facilidade logística, mas tem uma rodovia de traçado antigo com um grande trecho não duplicado. Com o Arco pronto, Itaguaí vai ter o melhor acesso rodoviário do Brasil, principalmente para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e para o Norte e Nordeste fluminense”, explica Riley.
Natureza e história no caminho
O projeto do arco tem mais de 40 anos, mas só em 2008, após ser incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) começou a ser construído, com investimentos do governo federal e estadual que somam R$ 1,9 bilhão. Seu nome oficial é Rodovia BR-493/RJ-109.
O projeto do arco tem mais de 40 anos, mas só em 2008, após ser incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) começou a ser construído, com investimentos do governo federal e estadual que somam R$ 1,9 bilhão. Seu nome oficial é Rodovia BR-493/RJ-109.
Segundo Riley, houve atrasos no projeto porque, além de três mil desapropriações, escavações foram revelando sítios arqueológicos que, ao final da obra, somavam 68. E, de acordo com o governo do estado, foi preciso ainda construir oito viadutos sobre dutos da Petrobras e dois outros sobre um lago em Seropédica, para não pôr em risco o habitat da rã Physalaemus soaresi, espécie rara, ameaçada de extinção.
“Como dizia o grande estadista inglês Winston Churchill, a democracia dá trabalho prá burro, mas não inventaram sistema melhor. Por isso, quando surge uma perereca no meio do caminho, então vai-se estudar que perereca é esta, qual a espécie, como fazer para garantir a procriação etc. O mesmo em relação aos sítios arqueológicos e com as desapropriações. Dá trabalho, atrasa a obra, mas isso faz parte do jogo democrático”, disse em 2011 o então governador Sérgio Cabral.
De acordo com a Secretaria Estadual de Obras, a Physalaemus soaresi atrasou a obra em mais de um ano, encarecendo o projeto em R$ 18 milhões.
Já o Instituto de Arqueologia Brasileira responsável pela identificação, catalogação e retirada das peças dos sítios arqueológicos, coletou 50 mil peças inteiras ou fragmentadas no trajeto e nas cercanias da rodovia, entre elas cachimbos africanos, louças europeias dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX, sambaquis, louças chinesas e urnas funerárias da cultura tupi-guarani. O mais antigo sítio encontrado, segundo o IAB foi um sambaqui em Duque de Caxias, com mais de dois mil anos de existência.
Municípios crescendo
Com 23 indústrias em funcionamento e outras 17 em processo de instalação, o município deQueimados, na Baixada Fluminense, no trajeto do Arco Metropolitano, comemora a ascensão econômica. Segundo a Prefeitura, Queimados vem chamando a atenção dos investidores.
A cidade está a 43 quilômetros do Rio e a apenas cinco do Arco Metropolitano, ficando em posição equidistante dos portos do Rio e de Itaguaí e tem a rodovia Presidente Dutra passando pelo condomínio industrial da Codin, uma área de dois milhões de metros quadrados. A região tem ainda boa rede de água, gás e fibra ótica.
Segundo a Prefeitura de Queimados, foram essas as facilidades que atraíram a operadora de ferrovias MRS Logística, que está instalando um Polo Intermodal Ferroviário, com investimento de R$ 240 milhões. O empreendimento será interligado a outro terminal em Mogi das Cruzes, em São Paulo, e terá capacidade de transportar dois milhões de toneladas de cargas de alto valor agregado por ano no maior centro consumidor do país: o eixo Rio-São Paulo. Um protocolo de intenções prevê que a construção, por parte do governo, de uma alça de acesso ligando o polo ao Arco.
Com 23 indústrias em funcionamento e outras 17 em processo de instalação, o município deQueimados, na Baixada Fluminense, no trajeto do Arco Metropolitano, comemora a ascensão econômica. Segundo a Prefeitura, Queimados vem chamando a atenção dos investidores.
A cidade está a 43 quilômetros do Rio e a apenas cinco do Arco Metropolitano, ficando em posição equidistante dos portos do Rio e de Itaguaí e tem a rodovia Presidente Dutra passando pelo condomínio industrial da Codin, uma área de dois milhões de metros quadrados. A região tem ainda boa rede de água, gás e fibra ótica.
Segundo a Prefeitura de Queimados, foram essas as facilidades que atraíram a operadora de ferrovias MRS Logística, que está instalando um Polo Intermodal Ferroviário, com investimento de R$ 240 milhões. O empreendimento será interligado a outro terminal em Mogi das Cruzes, em São Paulo, e terá capacidade de transportar dois milhões de toneladas de cargas de alto valor agregado por ano no maior centro consumidor do país: o eixo Rio-São Paulo. Um protocolo de intenções prevê que a construção, por parte do governo, de uma alça de acesso ligando o polo ao Arco.
A implantação do polo reduzirá o tráfego em cerca de 500 caminhões por dia em direção ao Porto de Itaguaí. Só o polo de Queimados deve movimentar 620 mil toneladas de carga em 2016, podendo chegar a 2,1 milhões de toneladas em dez anos de operação. Outros cincos centros logísticos estão em construção na cidade.
“A Baixada Fluminense está se consolidando como um importante polo do setor de logística. A descentralização econômica, com instalação de unidades fabris no interior fluminense, aumentou a necessidade de empreendimentos logísticos que integrassem os municípios às principais vias de escoamento de produção. Nosso crescimento pode ser verificado pelo aumento na arrecadação do ISS, que demonstra um aquecimento na área de serviços, principalmente na construção civil. Em breve, com o início das operações de muitas empresas também haverá maior aquecimento na arrecadação de ICMS”, disse o prefeito Max Lemos.
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