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quinta-feira, 17 de julho de 2014

SOBRE HOMENS E MENINOS.

COPA DO MUNDO DE 1994

No 20º aniversário do tetra, Ricardo Rocha relembra a conquista e traça paralelo entre sua geração e a atual

aniversario do tetra
Há 20 anos, no Rose Bowl, a Seleção Brasileira acabava com um jejum de 24 anos
FOTO: FOLHAPRESS
Este mês de julho tinha tudo para ser de festa para o futebol brasileiro, mas acabou por revelar apenas uma face saudosista na torcida verde-amarela. Ainda com a acachapante derrota por 7 a 1 para a Alemanha na recém-finalizada Copa do Mundo atravessada na garganta, os brasileiros se veem em vias de relembrar uma grande conquista: o tetracampeonato mundial.
Há 20 anos, em 17 de julho, um domingo, Brasil e Itália entravam em campo no estádio Rose Bowl, em Pasadena, nos Estados Unidos, para fazer história. Ambas tricampeãs, as equipes lutaram bravamente no tempo regulamentar e na prorrogação, mas o placar permaneceu inalterado. Foi então que, na disputa de pênaltis, o País eternizou o "Vai que é tua, Taffarel" e levantou, após 24 anos, a sonhada taça.
O hiato de títulos foi um dos fatores que mais pressionaram aquela geração a conquistar o título, como lembra um dos zagueiros do tetra, Ricardo Rocha.
"Foi muito difícil, vínhamos do insucesso da Copa de 1990 e amargávamos um longo período ser conquistar o mundo; a última vez tinha sido com a geração de Pelé, em 1970. Nos Estados Unidos, nada foi fácil, tivemos que ir nos firmando jogo após jogo e só assim fomos campeões", rememora Rocha.
Um dos principais líderes da Canarinho, o então defensor se lesionou logo na estreia, na vitória por 2 a 0 do Brasil sobre a Rússia, e, a pedidos de todo o elenco, permaneceu no grupo. Ainda que do banco de reservas, o pernambucano manteve sua posição de destaque no time.

"Todo grupo tem de ter um líder, e eu não via problema em ser um deles. Sem poder estar em campo, coube a mim estar atento a tudo o que cercava a Seleção, lutava para não deixar vazar nenhuma informação, além de ficar responsável por motivar o grupo. Todos confiavam em mim e sempre fui muito brincalhão, isso aconteceu naturalmente e, a julgar pelo resultado final, acho que deu certo", resgata o então Camisa 3.
Gerações diferentes
Ainda com o "apagão do Mineirão" fresco na memória, não foram poucas as vezes que Ricardo Rocha traçou um paralelo entre a conquista, que hoje completa 20 anos, e a "tragédia" do último Mundial.
Uma das maiores deficiências da atual geração passa, segundo o ex-jogador, pelo ponto no qual ele mais se destacou: a liderança. Entretanto, a falta de experiência também é lembrada pelo campeão mundial.
"Ao contrário do que foi apresentado na Seleção deste ano, em 1994, não faltaram líderes. Tinha o grupo dos mais pesados, do qual faziam parte Dunga e Branco, e os mais leves, mas que ainda tinham grande liderança em campo, como Raí, Leonardo, Jorginho e Taffarel. Hoje, temos uma equipe marcada pela imaturidade", ressalta.
Em um elenco com jogadores com pouca experiência no futebol internacional, o plantel tetracampeão tinha a vantagem de, em sua maioria, já ter encarado uma Copa do Mundo. O inverso aconteceu com o time de Luiz Felipe Scolari.
"Fazer carreira no exterior é importante, mas não é o principal. Para se jogar uma Copa tem que passar pelas eliminatórias, defender a Seleção no Brasil, coisa pela qual esse time não passou", pensa Rocha, que completa: "esse negócio de o Felipão vir a público e dizer 'eu sou o culpado' é conversa para boi dormir. Todos foram responsáveis pela maior vergonha que nosso futebol já teve e que jamais deve ser superada. Os brasileiros são cruéis e costumam execrar até seus ídolos. O 7 a 1 serviu para livrar todos os que já foram humilhados neste País. Os de 1950, de 1982 e 1990 estão perdoados".
Ricardo Rocha também fez parte do selecionado de Sebastião Lazaroni, derrotado pela Argentina no Mundial da Itália.
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
O tetra no estilo do combativo e bravo Dunga
Eu estava lá. Ficou como fotografia inapagável na minha mente. Hoje, 20 anos depois, nem desbotou. Está irretocável. Parreira adotara modelo fechado. Por isso, muito criticado. Mas, pelo material disponível, entendi que ele estava certo. O injustiçado Dunga fora perseguido pela maioria da crônica. 1994, uma Seleção Brasileira não tão espetacular quanto a de 1958, nem tão esplendorosa quando a de 1970, mas igualmente campeã. Quebrara o jejum de 24 anos e silenciara os críticos mordazes que só encontravam defeito em tudo. A Canarinho explorou o que tinha de melhor: a marcação comandada por Dunga. Prova disso: foi a defesa menos vazada. Com o talento de Romário e Bebeto quebrou resistências adversárias. Assim ficaram pelo caminho Rússia, Camarões, EUA, Holanda e Suécia. Na decisão por pênaltis com a Itália, um "São Taffarel" garantiu. Dunga, ao erguer a taça, silenciou os cronistas bobinhos que insistiam em desqualificar o que chamaram de "Era Dunga". Pois, a meu juízo, Dunga foi um dos maiores nomes daquela conquista, já pela personalidade forte, espírito de combate, liderança, eficiência e altivez.
Tom Barros
Colunista
Eduardo Buchholz
Repórter
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