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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

AVIDA FORA DO FACEBOOK



"Me adiciona no Face". Para algumas pessoas, esse convite já não funciona mais. É que, a despeito de bilhões de usuários, tem gente que decidiu sair (ou nunca entrou) no Facebook. A superexposição é um dos motivos relatados


A rede já tem mais de um bilhão de "amigos" e é por lá que muita gente sabe de notícias, vê e publica fotos, conversa com os amigos e recebe os parabéns pelo aniversário. O Facebook é, de fato, a rede social de maior sucesso atualmente. Porém, tem uma galera que já não vê mais tanta graça assim nesse espaço.

O farmacêutico Haroldo Adjafre usa o tempo livre para ler, assistir a filmes e praticar esportes. Ele nunca teve Facebook: "sou mais reservado" Fotos: Waleska Santiago
No início do ano, um relatório divulgado pela própria empresa admitiu que uma parcela da população mais jovem está meio cansada do "Face". De acordo com a rede social, que completa dez anos em 2014, o site é considerado pelos mais jovens um serviço menos ágil e menos "cool".

Essa fadiga da rede tem feito com que muitos usuários migrem para outras plataformas como o Instagram (rede de compartilhamento de fotos e vídeos), o Whatsapp (que permite chats coletivos e envio de áudio) e o Tumblr (uma mistura de blog e rede social).

Entre os que estão cansados, há ainda os nunca se renderam ao Facebook. É o caso de Haroldo Adjafre, 27 anos, que decidiu deixar sua vida particular longe da rede. "Acho o Facebook uma grande exposição da vida pessoal. Com a insegurança que vivemos, é até perigoso essa exposição excessiva que muitos fazem", afirma o farmacêutico, que se considera uma pessoa mais reservada.

Tempo livre

Dedicando seu tempo livre a ler livros, assistir à filmes e a praticar esportes, Haroldo é desses que não vê com bons olhos o excesso de tempo dedicado ao computador.

Fora do Facebook , a galera aposta em ferramentas como o Whatsapp para manter o contato com os amigos

"Todo excesso é prejudicial. Acho que muitas pessoas já não conseguem viver sem relatar seus passos no Facebook. Essa necessidade que foi gerada cria uma exposição da vida em demasia e uma ´externação´ das emoções, muitas vezes, falsa e incoerente com a realidade dos fatos", reflete.

Para Haroldo, a vida exposta no "feed de notícias" é um mundo muito mais de aparências, mesmo que mostre algumas verdades. Para se comunicar com os amigos, o farmacêutico usa o Whatsapp. "Acho um aplicativo bem mais restrito, fácil de utilizar e é um excelente e rápido meio de comunicação e emissão de dados e arquivos".

A opção de ter o aplicativo de bate-papo ajudou Adjafre a retomar o contato com os amigos, já que alguns reclamavam do fato de não poderem encontrá-lo on line. "Mas não me lembro de ter perdido algum evento realmente importante por não possuir Facebook, porém datas de aniversários já esqueci muitas. Por não participar da rede, meu esquecimento é atenuado".

Essa decisão de se manter longe do Facebook gera algumas reações engraçadas de espanto. Quando conta que não tem como adicionar aquela pessoa por não estar na rede, Haroldo diz que já percebeu semblantes de curiosidade, como se perguntassem "em que mundo você vive?".

"Para não ser agressivo e não contrariar a opinião positiva que a pessoa tem sobre o Facebook, eu explico que não teria paciência e disponibilidade de tempo para atualizações do perfil".

Voyer da vida alheia

Já Ariella Aguiar, de 29 anos, esteve na rede por cinco anos, entre 2007 e 2011, até decidir apagar o seu perfil. Além da exposição da própria vida, a publicitária disse que se sentia uma "voyeur da vida dos outros", perdendo um longo tempo buscando informações da vida de pessoas que não eram próximos e nem acrescentavam nada.

A publicitária Ariella Aguiar decidiu sair do Facebook depois de cinco anos, mas continua no Instagram e Whatsapp: "Quando percebi quanto tempo eu perdia quando ficava online, decidi dar um basta" Foto: Kleber Gonçalves
"Sem fazer esforço algum e sem ter nenhum interesse, ainda assim você se pega sabendo detalhes da vida de pessoas que estavam entre os meus amigos do Facebook. A privacidade fez com que eu tivesse esse primeiro impulso de me afastar, mas logo percebi outros benefícios em ter saído", relata.

A intenção era passar apenas alguns dias fora, uma espécie de férias da vida on line. Mas o tempo foi passando e ela começou a perceber que aquele tempo na rede não fazia diferença nenhuma na vida dela. "Eu tinha mais tempo livre pra fazer o que eu queria e percebi que não estava refém da rede. Claro que a curiosidade bate, mas não vale a pena ficar apenas para estar a par da vida dos outros", garante.

Para ela, o Facebook virou uma grande ferramenta de autopromoção e isso pode ser um dos fatores que vem aumentando a falta de interesse em "assistir" à vida on line alheia. "Não é quem você é de verdade. É algo moldado para estar lá, com a sua foto mais bonita no perfil, as fotos das férias perfeitas na praia. Quando na verdade sabemos que isso é uma pequena parcela da vida", reflete.

Superexposição

As notícias dos amigos e família que moram longe fazem parte das vantagens da rede das quais Ariella sente falta. Porém, ela resolve isso com papos por e-mail e Whats App. Ela garante que nunca perdeu nenhum evento por não ter visto o convite no Facebook. "Os amigos me chamam de antissocial e misantropa, mas se acostumaram com a minha escolha. As pessoas que querem te ter por perto sempre vão dar um jeito de estarem próximas. Não me preocupo com isso", diz.

Se a grande maioria faz questão de compartilhar fotos e momentos importantes e bacanas, a publicitária diz que prefere se preservar. "A superexposição me assustava muito. As opiniões mal infundadas a respeito de todo e qualquer assunto também. De repente, todos viraram juízes da vida alheia, se achando no direito de expressar o seu ponto de vista, doa a quem doer", observa.

GABRIELA DOURADOREPÓRTER 

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