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domingo, 9 de fevereiro de 2014

UM MANTO DE 100 ANOS.

TRADIÇÃO ALVINEGRA
camisasceara
Camisa do Ceará se transformou em um século. Preta, branca, cinza e roxa: foram várias as combinações

Um dos símbolos mais marcantes para um torcedor de um time de futebol é a camisa de seu clube. As cores que representam uma paixão visceral, sincera e acima de tudo, fiel. Mais do que bandeiras, escudo ou a torcida, a camisa de um time é o passo inicial para se torcer.

E cada torcedor do Ceará, ao longo de cem anos de amor ao clube, cultivou carinho e respeito ao manto preto e branco. Em cada geração, em cada conquista, a camisa é imortalizada junto com os heróis que a vestiram. Heróis que, dentro ou fora de campo, honram a tradição e escrevem com seu próprio traço novas páginas na história.
Cores
O que hoje é preto e branco, nem sempre foi assim. O Ceará Sporting Club - fundado em dois de junho de 1914 sob o nome de "Rio Branco Foot-Ball Club" - tinha a cor roxa, nas camisas, e branco, nos calções. Somente em 1915 o nome Ceará foi introduzido, e a cor lilás alterada para o branco com listras pretas.
Reza a lenda que, como o material esportivo tinha de ser importado, e era muito caro, era melhor consegui-lo preto, já que o lilás desbotava com facilidade, reduzindo a vida útil dos uniformes. Com o tempo, as camisas foram sendo trabalhadas.



Conforto
Se um Walter Barroso, Carneiro ou Gildo fossem utilizar as camisas que hoje vestem Michel, Ricardinho e Magno Alves, certamente sentiriam a diferença. O algodão bruto deu lugar ao poliéster. O peso, literal, foi substituído por elasticidade e liberdade de movimentos. Com o tempo, até as listras sumiram, em alguns momentos. O Ceará já teve, além da camisa lilás e da atual número dois, que é toda branca, um modelo de camisa cinza, e outra preta com dourado, só para citar dois exemplos.
As mudanças das cores das camisas, entretanto, nem sempre agradam a todos. O compositor, arquiteto e torcedor do Alvinegro, Fausto Nilo, por exemplo, já criticou a camisa cinza. No prólogo do livro "Ceará Sporting Club: um Retrato em Branco e Preto (2004)", Fausto admitiu seu descontentamento com o uniforme. "Confesso que não gosto da camisa cor de cinza com que a modernização vestiu meu alvinegro atual", citou.
Aficionado
A paixão pelo manto extrapola o convencional e se torna vício de quem não abre mão de se vestir sempre com a camisa do time que ama. É o caso do comerciário João Paulo Silva. Torcedor fanático do Ceará, João conta que não abre mão de comprar a camisa do Ceará, sempre que uma nova é lançada.
"Meus finais de semana, quando não estou trabalhando, estou sempre com a camisa do Ceará. Sempre uso, me identifico. Mostro sempre essa paixão", diz. O torcedor conta que o encantamento começou há quase 30 anos, em sua primeira ida ao Estádio Presidente Vargas (PV).
"A paixão pelo Ceará começou em 1986, na primeira vez que fui ao estádio e assisti Ceará e Tiradentes, quando o Ceará ganhou por 2 a 0. Me encantou, eu tinha 7 anos de idade, foi quando começou a paixão", relembra. Dez anos depois, o menino apaixonado pelo Vovô crescera e começava a trabalhar.
Mais alvinegros
Com dinheiro no bolso, não havia camisa que o jovem João Paulo não possuísse. "Quando comecei a trabalhar passei a ir ainda mais ao estádio e toda vida que lançam uma camisa eu compro", revela. E o que fazer com tantas camisas? Usá-las para converter torcedores indecisos é uma opção. "Quando vejo alguém que não tem time para torcer, dou uma camisa. Isso com certeza ajuda a pessoa a gostar do Ceará", adverte.
João avalia que, hoje, os modelos de camisa favorecem a vários gostos. "O departamento de marketing vem lançando camisas bonitas, e hoje percebo que se vendem muitas camisas de passeio. Não é mais aquela coisa só de futebol, são camisas de passeio, com o símbolo do Ceará e percebo que tem uma saída muito grande no mercado".
Para o centenário, as camisas principais de jogo já foram apresentadas. A coleção de Paulo já possui um cabide livre, à espera do manto histórico que virá.

LEVI DE FREITAS
Repórter

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