Powered By Blogger

sábado, 5 de abril de 2014

NA FILA DO VELÓRIO DE JOSÉ WILKER NO RIO DE JANEIRO FÃS LEMBRAM DE ROQUE SANTEIRO.


Carro com corpo do ator chegou às 22h10 no Teatro Ipanema.
José Wilker morreu neste sábado, aos 67 anos, após sofrer um infarto.


Do G1 Rio/CBM

Fila já era formada mais de uma hora antes de o horário previsto para o velório de José Wilker (Foto: Daniel Silveira / G1)Fila já era formada mais de uma hora antes do horário previsto para o velório (Foto: Daniel Silveira / G1)












O velório do ator José Wilker estava previsto para começar às 23h30 deste sábado (5), mas às 22h já havia fila na porta do Teatro Ipanema, na Rua Prudente de Morais, em Ipanema, Zona Sul do Rio. O artista, morto aos 67 anos em decorrência de um infarto nesta madrugada, aguardavam ansiosos a chegada do corpo para a despedida e lembravam personagens marcantes do artista. O carro funerário chegou no local às 22h10.

Carro funerário chegou ás 22h10 com o corpo de José Wilker (Foto: Daniel Silveira / G1)Carro funerário chegou às 22h10 com o corpo de
José Wilker (Foto: Daniel Silveira / G1)
A dona de casa Antônia Lopes de Sousa, de 48 anos, foi uma das primeiras a chegar. Ele disse que se tornou fã de Wilker em 1985, quando o ator interpretou Roque Santeiro, personagem título da novela de maior sucesso da época. "Vou ficar aqui até a hora que der. Se não conseguir ver ele hoje, volto de manhã bem cedo", disse.
As irmãs Maria Suely, 52, e Nilza Guimarães, 40, também citaram o personagem como o preferido. "Ele era muito divertido", disse Maria. Moradoras de Campo Grande, na Zona Oeste, elas contaram que caminhavam pela orla de Ipanema quando o filho de Maria viu na internet que o velório seria no teatro que fica no bairro. "Nossos filhos querem ir embora, mas a gente quer que eles esperem. Queremos ver o José Wilker", disse Nilza.
Infarto fulminante
Wilker morreu nesta madrugada, aos 67 anos, após sofrer um infarto fulminante na casa de sua namorada, também em Ipanema. A cerimônia, aberta ao público, só termina às 15h deste domingo (6). Em seguida, às18h, ele será cremado no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária, em evento só para amigos e familiares.
Wilker ficou ficou conhecido por trabalhos marcantes em novelas como "Roque Santeiro", em que interpretou o personagem-título, e "Senhora do destino", em que interpretou o bicheiro Giovanni Improtta. No cinema, fez filmes como "Bye bye Brasil" e viveu o Vadinho de "Dona Flor e seus dois maridos".
A última noite de José Wilker, na sexta-feira (4), foi trabalhando. Ele estava dirigindo um espetáculo que tem previsão de estreia para junho e que tem no elenco o ator Ary Fontoura, que passou essa sexta-feira junto com o ator. “Ele estava magnificamente bem. Estava apressando o trabalho porque ele precisava fazer uma viagem para América. Na verdade, ele terminou a direção dele neste dia”, disse Ary, neste sábado.Sua última participação em novelas foi em 2013, em "Amor à vida", de Walcyr Carrasco, no papel do médico Herbert. Em 2012, ele foi o coronel Jesuíno no remake de "Gabriela", baseada no livro "Gabriela Cravo e Canela",  de Jorge Amado. Na versão original, exibida em 1975, havia feito Mundinho Falcão. Na TV Globo, participou de quase 30 novelas. Com Lima Duarte, dividiu cenas inesquecíveis.
“Ele abre um buraco no meu coração, na minha vida. Difícil de ser preenchido. Mas resta-me saber que sobre a argila há de sobrar sempre aquele humor, aquele glamour, aquela graça que vocês podem constatar vendo em todas as cenas que eu fiz com ele”, revelou Duarte.

Com Mauro Mendonça, ele dividiu Dona Flor. “Sempre firme no papel e era muito divertido no Dona Flor. Eu tive episódios realmente muito engraçados. Ele partiu mas deixou a amizade e a lembrança dos amigos e a sua obra, seu trabalho”, afirmou. A amiga Betty Faria falou sobre o bom humor do amigo. “Um humor, uma cultura, uma solidariedade. Momentos difíceis, ele estava ali. Um amigão”, Betty Faria.
Começo
José Wilker de Almeida nasceu em Juazeiro do Norte no dia 20 de agosto de 1946 e se mudou com a família, ainda criança, para o Recife. A mãe, Raimunda, era dona de casa, e o pai, Severino, caixeiro viajante.
O primeiro trabalho de Wilker foi com apenas 13 anos, como figurante no teleteatro da TV Rádio Clube, do Recife. "Ficava por ali aguardando alguma ponta", lembrou ele em depoimento ao site Memória Globo. A aparição inicial foi como cobrador de jornal na peça "Um bonde chamado desejo", de Tennessee Williams.
Sua carreira no teatro começou no Movimento de Cultura Popular (MCP) do Partido Comunista, onde dirigiu espetáculos pelo sertão e realizou documentários sobre cultura popular. Em 1967, Wilker se mudou para o Rio para estudar Sociologia na PUC, mas abandonou o curso para se dedicar exclusivamente ao teatro.
Linha do tempo José Wilker (Foto: Arte/G1)
Em 1970, após ganhar o prêmio Molière de Melhor Ator pela peça "O arquiteto e o imperador da Assíria", foi convidado pelo escritor Dias Gomes o para o elenco de "Bandeira 2" (1971), sua primeira novela. Seu personagem foi Zelito, um dos filhos do bicheiro Tucão (Paulo Gracindo).
"Eu fazia teatro há dez anos, não tinha nada. Uma semana depois de estar no ar, eu era um cara com uma conta no banco, identidade, residência fixa e reconhecimento na rua. A resposta era muito imediata, intensa. Acabei gostando", afirmou Wilker ao Memória Globo.
Ele interpretou o seu primeiro papel principal na TV em 1975: foi Mundinho Falcão em "Gabriela", adaptação de Walter George Durst do romance de Jorge Amado, um marco na história da teledramaturgia brasileira.
Personagens conhecidos
Wilker tem em seu currículo personagens memoráveis, como o jovem Rodrigo, protagonista da novela "Anjo mau" (1976), de Cassiano Gabus Mendes.
Em 1985, viveu Roque Santeiro, personagem central da trama homônima escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva. Em 2004 interpretou o ex-bicheiro Giovanni Improtta, de "Senhora do destino", de Aguinaldo Silva, um personagem com diversos bordões como “felomenal” e “o tempo ruge, e a Sapucaí é grande”.
O artista dirigiu o humorístico "Sai de baixo" (1996) e as novelas "Louco amor" (1983), de Gilberto Braga, e "Transas e caretas" (1984), de Lauro César Muniz. Durante uma rápida passagem pela extinta TV Manchete, acumulou direção e atuação em duas novelas: "Carmem" (1987), de Gloria Perez, e "Corpo santo" (1987), de José Louzeiro.
Apaixonado pelo cinema, o ator participou de filmes como "Xica da Silva" (1976) e "Bye bye Brasil" (1979), ambos de Cacá Diegues, "Dona Flor e seus dois maridos" (1976) e "O homem da capa preta" (1985).  Fez ainda o personagem Antônio Conselheiro em "Guerra de Canudos" (1997), de Sérgio Rezende. Além disso, foi diretor-presidente da Riofilme.
Wilker também se destacou em minisséries como "Anos rebeldes" (1992), de Gilberto Braga; "Agosto" (1993), adaptada da obra de Rubem Fonseca; e "A muralha" (2000), escrita por Maria Adelaide Amaral e João Emanuel Carneiro.
Em 2006, interpretou o presidente Juscelino Kubitschek na minissérie "JK", de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira. O artista ainda escreveu textos para revistas e jornais e comentou a cerimônia do Oscar durante vários anos, para a TV Globo e para a GloboNews.
José Wilker deixa duas filhas. Mariana, com a atriz Renée de Vielmond, e Isabel, com a também atriz Mônica Torres. No Facebook, Isabel escreveu uma declaração para o pai e agradeceu as mensagens de apoio: "Só tenho amor, muito amor, e agora saudades, sempre. Obrigada a todos pelo carinho", postou, junto com uma foto.https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2556864432713944326#editor/target=post;postID=9133063264682157809
Linha do tempo José Wilker (Foto: Arte/G1)

Nenhum comentário: