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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

FONTES DE ÁGUA SECAM NO MACIÇO DE BATURITÉ-CE.

Mulungu e Pacoti  estão há pelo menos um mês com interrupção pela Cagece. Guaramiranga vê poços secarem

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Peregrinação dos baldes é a sina de moradores em Guaramiranga
FOTOS: FABIANE DE PAULA
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Agricultor José Cláudio mostra a conta da Cagece ao lado do chafariz público que abastece o Conjunto Planalto, em Pacoti, no Maciço de Baturité
Mulungu/Guaramiranga/ Pacoti. A lamúria da escassez de água na serra é a mesma do sertão, com o adicional de um maior desce e sobe ladeira para deixar água em casa vinda de um chafariz com água barrenta, mas "é a que tem". Para fazer a comida, tomar banho e lavar roupa. A falta de chuvas também comprometeu os reservatórios que abastecem a região, mas há outro adicional: o desmatamento para construção de casas de veraneio e hotéis, bem como o aumento da demanda por água gerada por esse crescimento populacional contribuiu para a "morte" das nascentes de água. Assim, cidades como Guaramiranga, Pacoti e Mulungu pagam uma conta alta no processo de urbanização. Nesse caminho das secas, o serrano, tal qual o sertanejo, mantém a esperança com a fé na devoção aos santos.
Altitude
Quanto mais alto, mais difícil de chegar água. Com pressão menor para subir pelos canos, a água chega pouca à casa de José Mairton, no Centro de Pacoti. Passa até dois dias sem água. "Quem não tem uma caixa d'água, ou muitos baldes para guardar, fica sem água.
Em cidade com racionamento, quem tem caixa d'água é rei. Francisco Nailton, filho de José Mairton, é um vizinho sem caixa. Pede a bênção ao pai e licença para pegar água, afinal, são quatro crianças para alimentar. Mas a vida deles é "boa" se comparada aos moradores do Sítio Areia, 500 metros distante dali e uns 30 metros mais elevada. Há uma pressão menor para que a água, que já é pouca, suba.
De acordo com o geógrafo Adriano Mendes, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), os desmatamentos das encostas, provocado pelas construções, notadamente hotéis e casas de veraneio, têm gerado erosões e contribuído para a perda de água nas nascentes. A vegetação nativa possibilitava a infiltração no solo e, assim, acúmulo de água das chuvas.
Chafariz
Na casa de seu Luiz Gonzaga passa até uma semana sem aparecer água fornecida pela Companhia de Água e Esgoto (Cagece), que atende aos três municípios visitados pela reportagem. Por sorte, mora mesmo em frente a um dos chafarizes administrados pela Prefeitura Municipal. A água é obtida de um poço profundo e bombeada até o alto.
"Não fosse o chafariz, não tinha água", afirma. Não tivesse esse equipamento, as cerca de 30 famílias da "Rua 105" teriam que buscar do outro lado da comunidade, que tem um chafariz abastecido com carro-pipa porque o poço profundo secou.
Com o menor nível de água subterrânea, é preciso cavar cada vez mais fundo para se obter água. Mas cria-se um problema. Quem cava um poço de 40 metros "desvia" a água de quem tem um poço de 35 metros, por exemplo. O resultado é que o poço mais raso seca. E quando o poço chega próximo de 100 metros (que só consegue o poder público ou particulares com recursos suficientes), secam os poços residenciais da comunidade.
A localidade de Linha da Serra, em Guaramiranga, é conhecida pela estátua de Nossa Senhora de Fátima e por ter um dos principais mirantes da serra, de onde se avista bonito por do sol, o que se dá numa frequência maior do que a chegada de carro-pipa para abastecer o único chafariz da comunidade e as cisternas de quem as possui. "Não é todo dia que tem carro-pipa, falta água, e olha como vem", afirma o agricultor Antônio Tadeu ao mostrar um balde branco com água muito escura. Sua esposa, Antônia Batista, relata que há vários casos de crianças acometidas com diarreia. "Só pode ser a água", aponta.
ENQUETE
Como chega o abastecimento?
"Aqui na Linha da Serra não tem água encanada. O que chega é do caminhão e vem suja. Depois que coloca no balde precisa deixar o barro afundar para tirar água mais limpa e mesmo assim as crianças estão adoecendo"
Antônia Batista
Dona de casa em Guaramiranga
"Às vezes faz uma fila grande de madrugada para garantir água. Não pode faltar, mas falta. Tenho seis filhos para cuidar. Ontem mesmo pedi um balde d'água emprestado de uma vizinha para fazer o almoço"
Arleide Soares
Dona de casa em Pacoti
Sobe para 25 cidades abastecidas  pela Cagece com racionamento hídrico
Fortaleza. Pelo menos 25 cidades dependentes do abastecimento pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) estão com algum tipo de racionamento. Seis cidades a mais que um mês atrás. Mas esse número é menor que se levados em conta os municípios cearenses controlados por Sistema Autônomo de Água e Esgoto (Saae). Como não existe o mesmo modelo de centralização, as medidas de contenção acabam sendo decisões de cada administração local. Mas de acordo com Gianni Lima, da Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará (SRH), quem define o racionamento é mesmo a falta de chuvas e os reservatórios secos. "O controle é uma forma de garantir que não se acabe".
Abastecidos pela Cagece com redução na oferta de água: Quiterianópolis, Catunda, Novo Oriente, Crateús, Ararendá, Jaguaretama, Capistrano, Caridade, Potiretama, Iracema, Alcântara, Hidrolândia, Farias Brito, Ipaumirim, Umari, Baixio, Trairi, Pentecoste, Croatá, São Luís do Curu, Irauçuba, Pacoti, Aratuba, Palmácia e Mulungu.
No Conjunto Planalto, em Mulungu, dizer que há racionamento já não faz muita diferença porque a comunidade se abastece da água de um chafariz, via poço profundo. "Tem uma semana que não vem água, mas o papel chega todo mês, afirma José Cláudio, que leva a conta de água até o chafariz que abastece sua casa para provar o que está falando.
Em nota, a Cagece afirma que estão em execução medidas operacionais no sistema de água, devido à baixa oferta de água bruta provocada pela estiagem. Anuncia que ontem, em Pacoti, novos poços entraram em operação.
Com relação à fatura de água, a Cagece informa que em áreas com abastecimento mais irregular, como alguns bairros de Mulungu, os clientes são beneficiados com a medição pelo consumo real, ou seja somente pagam pelo volume consumido.Fonte:Diário do Regional/CBM
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Melquíades Júnior
Repórter

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