No segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado ontem, um dos principais comentários entre os participantes foi sobre a mudança na abordagem das questões. Muitos dos estudantes afirmaram que o teste exigiu um nível maior de pensamento crítico, obrigando mais raciocínio sobre os textos-base das perguntas.
“A prova que achei mais fácil foi a de Química. As questões de Ciências Humanas pediam mais atenção, porque era preciso pensar mais para entender o que era pedido”, disse a estudante Aline Carvalho, antes de entrar para realizar as provas, ontem, no Campus do Itaperi da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
No último sábado, o teste de Ciências Humanas e suas Tecnologias contou com referências a pensadores de vanguarda, como Simone de Beauvoir, Paulo Freire, Santo Tomás de Aquino e Sérgio Buarque de Holanda. Já o tema da Redação deste ano, que pediu que os candidatos dissertassem sobre a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira, também surpreendeu muitos dos estudantes. Antes da prova, na fila para a entrada, os alunos apostavam em temas envolvendo direitos trabalhistas, questões ambientais ou das migrações urbanas e refugiados.
Na opinião de um professor, o nível da avaliação não passou por grandes alterações, mas exigiu um esforço um pouco maior. “É perceptível uma expressão mais forte que uma mera interpretação do texto. As perguntas trouxeram uma combinação entre o conteúdo e a visão do mundo, no que concerne à interpretação da era presente”, expõe.
Já no que diz respeito ao tema da Redação, o professor ressalta que, desde 2009, o Enem segue uma tendência em alusão a movimentos e manifestações que buscam a universalidade da inclusão e dos direitos civis. “Houve uma referência temática. Na prova de Ciências Humanas, o feminismo foi tratado em questão citando Simone de Beauvoir. Observamos um natural desejo de levar os alunos a uma reflexão sobre direitos civis, direitos sociais e direitos políticos. Isso tem sido materializado na condição da mulher, do negro, do índio”.
Mesmo no segundo dia de provas, alguns participantes do Enem perderam a hora de fechamento dos portões e acabaram impossibilitados de prestar o certame. Próximo ao meio-dia, horário marcado para o fim da entrada dos estudantes, muitos ainda corriam para conseguir acessar o local de prova.
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