DIFERENÇA MÍNIMA
Redação / Folhapress / Agência Brasil |
A votação deste ano foi marcada pelo acirramento do início ao fim do processo eleitoral
A presidente Dilma Rousseff (PT) foi reeleita presidente da República do Brasil por mais quatro anos. A candidata petista foi vencedora no segundo turno eleitoral ao derrotar o candidato Aécio Neves (PSDB) na disputa mais acirrada de todos os tempos, desde a redemocratização do País.
Com mais de 95% das urnas apuradas, Dilma Vana Rousseff tem um total de 51,45 % da preferência do eleitorado, enquanto o candidato tucano soma 48,55%. Outro fator expressivo nas Eleições de 2014 que vem se demonstrando é o grande número de abstenções. Mais de 21% votou branco, nulo, justificou ausência ou sequer compareceu às urnas.
Mais de 15 ministros do governo receberam a notícia de que a presidente Dilma Rousseff foi reeleita ao lado de militantes em um hotel de Brasília onde Dilma fez um pronunciamento. "Hoje estou muito mais forte, mais serena e mais madura para a tarefa que vocês me delegaram. Brasil, mais uma vez, esta filha tua não fugirá da luta. Viva o Brasil. Viva o povo brasileiro", disse Dilma em seu discurso da vitória.
Militantes e ministros comemoraram juntos aos gritos de "é tetracampeão", "oê, olê, olá, Dilma, Dilma", e "tucano aceita, Dilma reeleita".
"O próximo governo tem a missão de unificar o país que teve uma disputa dura com dois candidatos que representam duas forças políticas muito fortes no país", afirmou o ministro Aldo Rebelo (Esporte), que esperava uma diferença maior, de quatro ou cinco pontos em relação ao adversário da petista, o senador Aécio Neves (PSDB).
"É sempre difícil. Todas as vitórias são apertadas, mas mostrou que o povo brasileiro reconheceu os 12 anos do governo PT e está nos dando mais quatro anos para seguir fazendo o melhor para o Brasil", afirmou a ministra Miriam Belchior (Planejamento) após a confirmação do resultado.
O presidente do PT em São Paulo, Emídio de Souza, definiu a reeleição de Dilma Rousseff (PT) como a "vitória da democracia" contra o que chamou de "golpismo" da revista "Veja" -que publicou, a dois dias da eleição, reportagem com denúncias contra Dilma e o ex-presidente Lula.
"Essa vitória é uma vitória da democracia brasileira contra o golpismo que tentou nos últimos dias alterar (o resultado da reeleição). E os golpistas nesse caso têm nome e endereço. Se chamam revista 'Veja'", disse o petista a uma plateia de militantes eufóricos, reunidos em hotel próximo à avenida Paulista, em São Paulo.
Cristina Kirchner manda recado para Dilma
A presidente Cristina Kirchner publicou três tuítes para felicitar Dilma Rousseff pelo resultado das eleições no Brasil.
"Querida companheira e amiga Dilma, felicidades pelo triunfo. Grande vitória da inclusão social e da integração regional, um passo a mais para a consolidação da pátria grande", declarou a argentina. Pátria grande é uma expressão usada na Argentina para se referir à América Latina.
Na vida política, Dilma foi ministra e participou da campanha de Brizola
Mineira de Belo Horizonte, Dilma Rousseff, tem 66 anos, é economista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem uma filha e um neto. Foi reeleita hoje (26), junto com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), com o apoio da coligação formada por PT, PMDB, PDT, PCdoB, PR, PP, PRB, PROS e PSD. No primeiro turno, Dilma ficou em primeiro lugar, com 43.267.668 votos (41,59% dos votos válidos).
Filha de um imigrante búlgaro e de uma professora do interior do Rio de Janeiro, Dilma viveu em Belo Horizonte, capital mineira, até 1970, onde integrou organizações de esquerda, como o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Foi presa em 1970 pela ditadura militar e passou quase três anos no Presídio Tiradentes, na capital paulista, onde foi torturada.
Em 1973, mudou-se para Porto Alegre, onde construiu sua carreira política. Na capital gaúcha, Dilma dedicou-se à campanha pela anistia, no fim do regime militar, e ajudou a fundar o PDT no estado. Em 1986, assumiu seu primeiro cargo político, o comando da Secretaria da Fazenda de Porto Alegre, convidada pelo então prefeito Alceu Collares.
Com a redemocratização, Dilma participou da campanha de Leonel Brizola à Presidência da República em 1989. No segundo turno, apoiou o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 1993, Dilma assumiu a Secretaria de Energia, Minas e Comunicação do Rio Grande do Sul, cargo que ocupou nos governos de Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).
Em 2000, Dilma filiou-se ao PT e, em 2002, foi convidada a compor a equipe de transição entre os governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Quando Lula assumiu, em janeiro de 2003, Dilma foi nomeada ministra de Minas e Energia, onde comandou a reformulação do marco regulatório do setor. Em 2005, ainda no primeiro governo Lula, Dilma assumiu a chefia da Casa Civil, responsável até então por projetos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida.
Dilma deixou a Casa Civil em abril de 2010 e, em junho do mesmo ano, teve sua candidatura à Presidência da República oficializada. Venceu sua primeira eleição no segundo turno, contra o candidato do PSDB, José Serra, com mais de 56 milhões de votos.
Em um governo de continuidade, Dilma manteve e ampliou programas sociais da gestão Lula e implantou iniciativas que levaram à redução da pobreza, da fome e da desigualdade. Criou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e ampliou programas de empreendedorismo. Também implantou um programa de concessões para obras de infraestrutura e logística, muitas ligadas à realização da Copa do Mundo. Em um governo marcado por episódios de corrupção, Dilma chegou a demitir seis ministros em dez meses, em 2011. A presidenta reeleita também enfrentou problemas com a economia, com queda no ritmo do crescimento do país e avanço da inflação.
A votação deste ano foi marcada pelo acirramento do início ao fim do processo eleitoral, desde as propagandas políticas, carregadas de ataques e denúncias, aos embates entre militantes nas ruas e nas redes sociais.
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