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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

FUNDAÇÃO E SEU HISTÓRIAS.


Fundado por humildes trabalhadores em 9 de maio de 1933, no Setor de Locomoção da Rede de Viação Cearense (RVC), o Ferroviário Atlético Clube é a maior expressão esportiva de raízes operárias do Brasil, símbolo da democratização do futebol nacional e precursor do futebol profissional no estado do Ceará.
O Ferrão, como é conhecido, cresceu rapidamente e logo tornou-se uma das três grandes potências do futebol cearense. Sua história repleta de glórias, que ganha, a cada ano, novos e belíssimos capítulos, faz com que seu nome esteja sempre presente em qualquer abordagem sobre os grandes clubes brasileiros.
De acordo com Ernani Buchmann, ex-presidente do Paraná Clube e autor do livro "Quando o Futebol Andava de Trem", o Ferroviário Atlético Clube não só é um dos maiores vencedores entre mais de uma centena de times de origem ferroviária no país, como é o que demonstra hoje a maior vitalidade, seguindo forte diante de tantas dificuldades que assolam o futebol brasileiro.
Valdemar Cabral Caracas, nascido na cidade de Pacoti (CE) em 9 de novembro de 1907, é o principal fundador do Ferroviário Atlético Clube. Foi também o primeiro comentarista de futebol do estado, trabalhando na Ceará Rádio Clube, pioneira da radiofusão cearenseCaracol, como também é carinhosamente chamado, ainda se envolveu com a política, sendo eleito vereador de Fortaleza em 1937, pelo extinto Partido Socialista. Posteriormente, em 1947, ajudou a fundar o Partido Socialista Brasileiro (PSB) no estado do Ceará. Em 2007, comemorou-se o Centenário de Caracas.
O próprio Valdemar Caracas conta detalhes sobre a fundação do Ferroviário, em crônica escrita em maio de 1994.

Fundação do Ferroviário Atlético Clube

Vou falar sobre o Ferroviário, precisamente do Ferroviário Atlético Clube. Nascido em 1933, fruto da junção das equipes "Matapasto" e "Jurubeba", recebeu, na pia batismal, o nome de Ferroviário Footbal Clube, mas, na confirmação da crisma, fiz substituir o Football por Atlético.
Antes que me perguntem, vou dar, para vocês, esta explicação primordial. Iniciava-se o ano de 1933, quando a direção da Rede de Viação Cearense (RVC) autorizou a execução de serviços extraordinários nas oficinas do Urubu, para a reparação de locomotivas, carros e vagões, durante um expediente noturno, que começava às 18 e terminava às 20 horas. Como o expediente normal expirava às 16:25, os operários mais jovens que residiam longe dali (Barro Vermelho, Soure, Otávio Bonfim, Quilômetro 8, Parangaba, Mondubim) resolveram aproveitar a hora de folga para a prática de futebol; na preparação do campo, a relva retirada do espaço a ele destinado, era constituída de mata-pasta e jurubeba.
A verve operária, que era fértil, escolheu, então, estas plantas medicinais para denominação das duas onzenas que se defrontavam todas as tardes, no campo improvisado. As traves das metas eram roliças, confeccionadas que foram com tubos inservíveis, retirados de caldeiras das "Marias-fumaça". Com aquele "timezinho" cognominado apenas de Ferroviário, eles, os operários-atletas, ou melhor, pebolistas, foram aos subúrbios onde realizaram partidas amistosas, com real proveito para a harmonia do conjunto, tudo sem qualquer interferência da minha parte.
Foi, então, que deliberei fazer dele gente, como se diz na gíria. Reuní operários, meus companheiros, promovi sessão com livro para a lavratura de atas, fiz um retrospecto da agremiação que surgia, completei o nome desta e disse-lhes da importância daquela reunião, como fator auspicioso para projeção da classe ferroviária. Era pretensão minha que tal ocorresse a 9 de novembro, quando eu completaria 26 anos, mas o entusiasmo exigiu a antecipação e não perdi tempo, marcando o dia para 9 de maio, exatamente 6 meses antes de 9 de novembro. Parti, então para a nova missão, aproveitando as horas disponíveis da minha atividade funcional.
Fui tudo no Ferroviário, menos presidente, porque nunca quis sê-lo. Fui pai, mãe, babá e, sobretudo, seu educador, disciplinando-o, pois a equipe suburbana era useira e vezeira em tomar o apito do árbitro, quando a decisão deste não lhe fosse agradável. Acabei com essa prática danosa ao seu comportamento, o time se fez clube, cresceu e está aí, vencendo os tropeços e dando alegrias a todos nós, seus torcedores.
Por Valdemar Cabral Caracas.
fonte:Elzir Cabral/camocim belo mar blog

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