Soldados russos usaram veículos blindados para invadir uma grande base aérea militar próximo da cidade de Sevastopol, na Crimeia - a região da Ucrânia que recentemente optou, em um referendo, em ser anexada pela Rússia.
Os militares ucranianos na base de Belbek passaram horas se recusando a aceitar a rendição, como exigia o ultimato dado pelos russos.
O enviado da BBC à Crimeia, Ian Pannell, disse que as forças russas controlaram a base e que os ucranianos haviam deixado o local. Segundo o correspondente, os militares ucranianos tinham poucas armas e chegaram a se armar também com paus.Os veículos blindados então derrubaram as barreiras da base, e foi possível ouvir rajadas de tiros e explosões. Pelo menos um soldado ucraniano ficou ferido na ação.
A ação ocorreu poucas semanas após forças pró-Rússia terem atacado a base e assumido o controle de suas áreas essenciais, fazendo com que os soldados ucranianos tivessem de recuar para o edifício administrativo e para os alojamentos do local.
“Vimos os militares russos chegando da parte já controlada da base, usando artilharia pesada. Então ouvimos granadas, explosões e metralhadores, e a base foi tomada pelos militares da Rússia”, afirmou Pannell, que acompanhou a tomada.
“A ação representou uma grande escalada do uso da força pelos russos. Há agora apenas algumas poucas bases que tecnicamente estão sob o controle de Kiev.”
O correspondente disse ainda que apesar da tentativa de lidar com a questão localmente, Moscou claramente decidiu que já era o momento de tomar as bases. “Uma clara mensagem foi enviada aos soldados ucranianos que estão pensando em tentar se destacar: a Rússia está pronta para usar a força para impor o comando de Moscou.”
Horas antes, tropas de Moscou também havia tomado o controle da base aérea em Novofedoriyka, no norte de Sevastopol. Em seguida, o local foi invadido por uma multidão pró-Rússia, que quebrou janelas e destruiu símbolos pró-Ucrânia.
Histórico recente
Após a realização do referendo em que cerca de 95% dos eleitores teriam optado pela anexação pela Rússia, o parlamento da Crimeia, em um comunicado divulgado há pouco menos de uma semana, se declarou formalmente independente da Ucrânia e pediu que a Crimeia fosse incorporada ao país vizinho.
Pouco depois, o presidente russo, Vladimir Putin fez um pronunciamento transmitido pela TV e perante as duas casas do Parlamento de seu país no qual abriu caminho para o processo de anexação da região autônoma pertencente à Ucrânia.
De acordo com Putin, o referendo e a decisão do Parlamento da Crimeia representaram a correção de uma "injustiça histórica".
A Crimeia foi parte da Rússia até 1954, quando o líder soviético Nikita Khrushchev decidiu devolvê-la à Ucrânia.
Cerca de 58% dos habitantes da península são de etnia russa. Os demais moradores da região são, em sua maioria, ucranianos e há ainda uma minoria tártara.
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