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sábado, 31 de maio de 2014

PROFESSORA CONSIDERADA OBSA VOLTA A LECIONAR SOB APLAUSOS E EMAGRECE.


Bruna Giorjiani tem projeto de mestrado com o tema 'gordofobia'.
Diante da repercussão do caso, professora perdeu bastante peso.

Bruna, em frente da nova escola (Foto: Marcos Lavezo / TV TEM)
Bruna, em frente da nova escola, em Mirassol
(Foto: Marcos Lavezo / TV TEM)


A professora de sociologia Bruna Giorjiani de Arruda, de 28 anos, moradora de São José do Rio Preto (SP), que foi impedida de lecionar no Estado de São Paulo após ser considerada obesa mórbida por um perito, conseguiu ser aprovada no exame médico e assumiu sob aplausos dos alunos as aulas na escola Professor Genaro Domarco, em Mirassol (SP). Há quase um mês, ela leciona no local e tentará um mestrado, onde aborda a fobia da sociedade contra pessoas gordas.
Diante da repercussão do caso, a professora também perdeu bastante peso. “Me incomodou muito ter sido barrada por ser considerada obesa. Mexeu com minha auto estima e com a minha imagem sobre mim mesma, uma vez que eu estava muito bem comigo, desde sempre. Depois que tudo aconteceu, fiquei com uma sensação de que as pessoas, ao me encontrarem, somente observam minha gordura e isso é muito ruim", conta Bruna.
Segundo Bruna, o primeiro dia de aula foi o símbolo do fim de muito sofrimento. Apesar de sua peregrinação antes da aprovação, ao entrar em aula, os alunos já a conheciam e a recepcionaram da melhor forma possível. “Em uma das salas em que entrei fui aplaudida. A maior parte dos alunos sabiam quem eu era, me conheciam da TV e me chamaram pelo nome prontamente. Eles foram bastante simpáticos e estavam curiosos com a minha presença”, conta.
Para ela, depois de passar por toda essa experiência ficou a certeza de que lutar pelos direitos é indispensável.  “Me senti importante, me senti agente, me senti cidadã e mais que isso, cada mensagem de apoio ou de identificação e agradecimento que eu recebia, me faziam crer ainda mais na certeza de minha luta. Tantas foram as pessoas que me agradeceram pela coragem da exposição e por dar voz a um problema desprezado e que poucos levam a sério”, diz.

Agora, Bruna pensa em continuar estudando e conseguir um mestrado e, mesmo antes do ocorrido, o tema de estudo envolvia a discriminação com pessoas gordas. “No ano anterior fui reprovada na última etapa, problema de não ter um orientador. O projeto continua o mesmo e aborda a “gordofobia”. Manterei o tema e agora ainda mais engajada. Esse mestrado, pra mim, é mais que uma qualificação profissional, é um acréscimo ao grito que entoei no começo desse ano. A única coisa que lamento nesse processo é o fato de que não estou mais em minha antiga escola, me entristece pensar nos companheiros que lá deixei e na qualidade daquele local, porém estou adentrando um novo local, com tantas promessas boas, quanto as da escola anterior”, diz Bruna.
Bruna agora tenta mestrado com tema relacionado à fobia de pessoas gordas (Foto: Marcos Lavezo / TV TEM)Bruna agora tenta mestrado com tema relacionado à fobia de pessoas gordas (Foto: Marcos Lavezo / TV TEM)
Emagrecimento
Visivelmente mais magra, Bruna, depois do ocorrido, ficou com a sensação de que, quando se encontrasse com pessoas na rua, as mesmas só a observariam por ser gorda. Esta visão de imagem despertou na professora uma chance de mudar. “Emagreci 9 quilos com um programa de emagrecimento. Resolvi experimentar, e comecei acima de tudo pela oportunidade, para ver como era. Não tinha uma intensão específica, nem estética e nem de saúde. Agora, permaneço de dieta porque tenho sentido bastante disposição e estou gostando do treinamento físico. Emagrecer, ainda que não fosse meu objetivo, tem seu lado bom”, conta Bruna.
Relembre o caso
O caso ganhou repercussão em abril. Quando estava inapta para assumir o cargo, Bruna pesava 110 quilos e media 1,65m, números que ela passou para o perito em São José do Rio Preto (SP), onde foi feita a primeira perícia, sem ser pesada ou medida pelo médico. Quando os exames chegaram à capital, o perito a considerou inapta, já que o IMC (Índice de Massa Corporal) era de 40,4,  que é considerado como obesidade mórbida pela OMS (Organização Mundial da Saúde), cujo limite é de 40.
Depois de pedir novas perícias para o Estado, Bruna conseguiu a aprovação. Nesta última perícia em São Paulo, ela foi realmente medida com 1,62 de altura e 104 quilos, com IMC 39.
Outro lado
O Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo (DPME) enviou nota ao G1 sobre a perícia para o ingresso de novos funcionários no serviço público estadual, inclusive professores. Segundo o departamento, os critérios técnicos e científicos são previstos na legislação, em especial no Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado (Lei nº 10.261/1968 com nova redação dada pela LC 1.123/2010), e também normas legais estabelecidas pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS).
"O exame pelo qual passam os candidatos é realizado por peritos selecionados e experientes e tem por objetivo avaliar não apenas a capacidade laboral no momento da perícia, mas sim fazer um prognóstico de sua vida funcional, de forma a ingressar numa carreira que dura, em média, 30 anos – o que não significa que ela não tenha condições de exercer sua profissão fora da esfera pública. O resultado não decorre de atitude preconceituosa e, sim, pela prerrogativa e princípio da continuidade no serviço público a qual prevê o Estatuto, em defesa o interesse público e o zelo pelo interesse coletivo", diz nota.
Ainda segundo a nota enviada, a obesidade, por si só, não é considerada fator impeditivo para o ingresso na carreira pública. Já no caso da obesidade mórbida (classificação OMS), faz-se necessária uma avaliação mais detalhada por causa de doenças oportunistas como o diabetes, por exemplo.https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2556864432713944326#editor/target=post;postID=7042396244300410064

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